População tem última oportunidade de impedir o mais novo projeto poluidor da Vale
2006-11-08
A população da Grande Vitória tem, na audiência pública convocada pelo Iema para hoje (8/11), às 18 horas, a última oportunidade para se manifestar contra o licenciamento de projetos de expansão da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na Ponta de Tubarão. O projeto aumentará a poluição, que já custa R$ 100,00 por ano a cada morador da região para tratar das doenças que causa. Ambientalistas como Freddy Montenegro Guimarães, presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), estão pedindo aos moradores que não desperdicem a oportunidade de se manifestar contra a poluição.
A quinta e última audiência pública sobre o licenciamento dos projetos da CVRD será realizada na sede social do Clube Álvares Cabral, na avenida Beira Mar, 2.100, em Bento Ferreira, Vitória. Terá duração de quatro horas. O Iema publicou a convocação para a "audiência pública do processo de licenciamento ambiental da expansão da produção do complexo de pelotização de Tubarão".
Após a audiência, o órgão deverá emitir a licença. Os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) foram produzidos pela Cepemar. Na prática, consideram desprezível o aumento da poluição.
Nas suas sete usinas de pelotização, em Tubarão, a Vale quer aumentar sua produção dos 27 milhões de toneladas atuais para 39,5 milhões de toneladas anuais. Sobre a Grande Vitória são despejadas 264 toneladas diárias (96.360 toneladas anuais) de poluentes atmosféricos. A liderança entre as poluidoras é da CVRD, seguida imediatamente pela Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e Belgo, essas do grupo Arcelor-Mittal.
São emitidas as famosas PM10, mas ainda as PM2, menos famosas, menos conhecidas, mas mais agressivas à saúde. E os gases, esses a grande especialidade da CST. São 59 poluentes atmosféricos (dos quais 28 altamente nocivos à saúde), entre particulados e gases.
A comunidade paga caro pela poluição do ar na Grande Vitória: para tratar as doenças que as poluidoras causam, foram exigidos dos moradores entre R$ 3,7 bilhões e R$ 4,4 bilhões em pouco mais de três décadas. Cada morador da Grande Vitória gasta, em média, R$ 100,00 por ano para se tratar dessas doenças, entre as quais respiratórias, alérgicas e câncer.
A CVRD não adota nem mesmo providências simples para evitar a poluição. Agora, como parte de sua campanha na mídia para obter a licença de expansão da produção, anuncia que instalará precipitadores eletrostáticos em quantidade necessária nas sete usinas, que poluem há mais de três décadas.
Também anuncia que aplicará polímero misturado à água - que forma uma camada fina nas pilhas das pelotas de minério - para conter a dispersão de particulados; que irá enclausurar com telas os pontos de transferência de correias transportadoras nas áreas de pelotas e carvão. Essas providências são cobradas há décadas, mas a empresa sempre se esquivou de atender, por medida de economia.
A CST está finalizando a construção de sua terceira usina na Grande Vitória, o que permitirá aumentar sua produção de 5 milhões para 7,5 milhões de toneladas/ano (poderá produzir mais no que já está sendo construído). Mas já anuncia outro projeto poluidor para a região. Há mais de duas décadas a CST lança no ar poluentes derivados do enxofre, e deixou de construir uma usina de dessulfuração, exigência legal. A licença para a 3ª usina foi ilegal.
As duas transnacionais anunciam que transformarão a região de Ponta Ubu, na divisa de Anchieta com Guarapari, em um novo Tubarão. Chamam o complexo de produção de Cação.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário – ES, 07/11/2006)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/novembro/07/index.asp