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2006-11-08
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, assinou ontem (7/11), em São Paulo, portaria criando a Rede Nacional de Fusão (RNF), que será coordenada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), unidade do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). A Rede reunirá 80 pesquisadores de 16 instituições nacionais e terá, neste ano, aporte financeiro inicial de R$ 1 milhão, em recursos dos Fundos Setoriais.

“Essa Rede irá estimular e despertar nos jovens o interesse pelo setor nuclear. Hoje, por falta de recursos, o interesse diminuiu. À medida que houver mais recursos, atrairemos os estudantes. Além disso, haverá troca de informações entre os países”, afirmou o ministro.

O ITER é resultado de um programa de colaboração internacional que reúne Comunidade Européia, Rússia, Japão e Estados Unidos. Recentemente, mais três países juntaram-se a eles: China, Coréia do Sul e Índia. Há cerca de três anos, os países integrantes projeto ITER (palavra que em Latim tem o sugestivo significado de o caminho), vêm considerando o ingresso de outros países, em particular, do Brasil, sendo este um dos motivos para a criação da RNF.

A pesquisa da fusão nuclear vem sendo desenvolvida no Brasil por diferentes grupos há cerca de trinta anos. A RNF pretende coordenar e ampliar essas atividades, estabelecer prioridades e gerenciar as colaborações internacionais. Está prevista a criação de um Laboratório Nacional de Fusão, a ser implantando na estrutura da Cnen. Com isso, espera-se desenvolver capacitação científica e técnica necessária para adotar esta fonte de energia no Brasil, caso venha a se tornar economicamente viável.

“O dia de hoje é esperado há 20 anos pelos pesquisadores na área de fusão, pois irá estabelecer um novo paradigma na pesquisa. Com essa Rede, o Brasil vai entrar de forma expressiva na pesquisa mundial”, afirmou o presidente da Cnen, Odair Dias Gonçalves.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Física, Adalberto Fazzio, “a Rede permitirá que o Brasil acompanhe as pesquisas de igual para igual com os outros países”.

Os reatores nucleares usados em todo o mundo geram calor através da fissão nuclear, ou seja, a divisão por reação em cadeia dos núcleos dos átomos. O calor gerado aquece um sistema hidráulico, produzindo o vapor que movimenta as turbinas geradoras de eletricidade. É o caso das usinas Angra 1 e Angra 2, no Rio de Janeiro.

A fusão nuclear funciona de uma forma diferente. A geração de calor não se dá pela divisão, mas pela fusão de núcleos atômicos, principalmente, de deutério e trítio. A intensidade de calor gerada é tão intensa quanto na fissão, com a vantagem de não produzir rejeitos radioativos de longa vida. Centrais nucleares de fusão poderão tornar-se elementos importantes no futuro panorama energético internacional. Sem impactos significativos ao meio ambiente, poderão produzir eletricidade diretamente ou através de uma cadeia baseada na utilização de hidrogênio e de células de combustível.
(Por Vera Canfran, Agência MCT, 07/11/2006)
http://agenciact.mct.gov.br/index.php/content/view/42103.html

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