O Planeta está doente, diz professor da Universidade de Columbia
2006-11-07
O Planeta está doente. Essa é a constatação de Vittorio Canuto, professor da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e pesquisador da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa). Em Gramado para o 57º Congresso Nacional de Botânica, que vai até domingo, Canuto destacou que a mais perigosa conseqüência do aquecimento global é que o nível do mar está subindo e calcula-se que haverá de 40 a 50 milhões de refugiados que vivem em locais como Bangladesh e Delta do Nilo. "Esse é um fenômeno completamente sem precedentes na história da humanidade", disse.
O professor prevê que, quando as geleiras começarem a derreter, em locais como Himalaia, Antártica, Peru e Groenlândia, a população terá problemas de sobrevivência. "A água sustenta milhões e milhões de pessoas. Elas vão viver do quê?", questionou o pesquisador.
Canuto disse que neste século haverá aquecimento rápido e com pouco tempo para adaptação. "Não existem ganhadores. Estamos todos no mesmo barco." De 1950 até o ano passado globalmente houve um aumento de meio grau. O professor apontou que o principal país emissor de gás carbônico é os EUA e espera que eles se convençam da racionalidade dessa luta e colaborem. "A China é a bomba-relógio das questões ambientais, e até 2050 vai consumir tanto gás carbônico que chegará perto da quantidade que a humanidade já usou até hoje."
Segundo ele, desmatar a Amazônia "é como queimar um quadro de Picasso para fazer sopa". Citou que 50% a 60% dos produtos farmacêuticos vêm da região, que é "um cofre de riquezas para o mundo". Canuto disse que, para resolver esse grave problema, é preciso reconhecer que existe. "Essa foi a contribuição do Protocolo de Kyoto. Foram 18 anos para se consolidar um programa que muitos países não cumprem." O protocolo internacional traz compromissos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa.
(Correio do Povo, 07/11/2006)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp