Mercado europeu do carbono é relançado
emissões de co2
2006-11-07
O mercado do dióxido de carbono na Europa, onde, graças a um sistema imaginado pelos signatários do Protocolo de Kyoto, as indústrias trocam certificados que lhes dão o direito de contaminar, foi relançado em 2006 apesar das turbulências no período.
O sistema de Kyoto impõe quotas de emissão de CO2 às indústrias, mas as empresas mais poluentes têm a chance de comprar às das quais que são menos contaminantes seus certificados de emissão não utilizados. Estes direitos são cotados em um mercado, como o financeiro.
A idéia é controlar as emissões de dióxido de carbono, o principal dos gases com efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do clima no planeta. O sistema "funciona", afirma Paul Watkinson, coordenador internacional de Missão sobre o Efeito Estufa do Ministério da Ecologia francês. "O mercado europeu poderia ser o embrião de um mercado mundial", acrescenta.
No início de 2005, a União Européia implementou um sistema de intercâmbio entre os 25 Estados-membros que engloba 11.500 empresas, que representam por si só a metade das emissões de CO2 da entidade.
Por enquanto, o sistema está limitado à Europa, porque os Estados Unidos, o principal país poluente da Terra, não quis ratificar Kyoto, um tratado que não impõe, por outro lado, compromissos obrigatórios aos países emergentes.
A Powernext Carbon, bolsa européia de emissão de CO2, lançada em junho de 2005, espera alcançar um volume de negócios de 24 milhões de toneladas de dióxido de carbono em 2006 (4 milhões de toneladas para os seis meses de 2005), segundo Richard Katz, diretor-adjunto de vendas.
O comissário europeu para o Meio Ambiente, Stavros Dimas, decidiu no entanto pedir aos Estados-membros que revisem seus planos para o período 2008-2012 por considerar que são muito generosos com seus industriais, correndo o risco de tornar o mercado inoperante.
"Os 17 primeiros planos que nos foram notificados propõem um volume de emissões (anual) de 15% superior às emissões reais nestes Estados em 2005", lamentou Dimas recentemente.
"Se os Estados puserem no mercado mais direitos de emissão dos que o necessário para cobrir suas emissões reais, então o mercado não terá mais nenhum interesse", explicou.
A Comissão Européia (braço executivo da UE) tem grande expectativa no mercado europeu de carbono para que a região possa cumprir os compromissos assumidos no Protocolo de Kyoto, com os quais está em dívida. A UE precisa reduzir em 8% suas emissões de gases com efeito estufa até 2012 com relação aos níveis de 1990.
O mercado, estabilizado depois do "mini crach" da primavera (boreal), sofreu em setembro um novo revés: o preço da tonelada de CO2 (a quota) perdeu 25% de seu valor, situando-se por volta dos 12 euros (15,26 dólares em valores atuais).
Foi uma queda devida, em grande parte, à baixa dos preços do petróleo, que caiu abaixo dos 60 dólares o barril, arrastando consigo o preço do gás e da eletricidade, explica Richard Katz. "A estabilidade surpreendente do mercado de CO2 nestes últimos cinco meses era, sobretudo, uma anomalia, em comparação com outros mercados energéticos, e agora está corrigida", segundo o último boletim de informação da Powernext Carbon.
(AFP, 06/11/2006)
http://www.ambientebrasil.com.br/rss/ler.php?id=27679