Hoje, quem fala – e age – contra as derrubadas, as queimadas, o uso de agrotóxicos, a poluição das águas e do ar e as agressões contra o meio-ambiente nunca é uma voz isolada. Há milhares de ONGs que voltam suas ações ao problema e os governos criaram órgãos legais – ministério, secretarias e fundações específicas – para determinar políticas públicas na área. As empresas privadas já percebem a importância de associar sua imagem à defesa do ambiente.
Há 50 anos, entretanto, quem ousasse afrontar a idéia de progresso a qualquer custo teria que pagar um preço bastante alto. Esse é o tempo do gaúcho Henrique Luiz Roessler, que antes mesmo de José Lutzenberger ou Chico Mendes, levantou as grandes questões do ambientalismo.
Sua trajetória, seu pioneirismo e sua luta é o tema de Roessler – O Primeiro Ecopolítico, de Ayrton Centeno, volume inicial de Vidas, a nova coleção da
JÁ Porto Alegre Editores, que vai trazer à luz biografias de protagonistas da nossa história, que no entanto, não são conhecidos pelo grande público.
Feito com base em pesquisa, entrevistas e na leitura das mais de 300 crônicas escritas pelo pioneiro, Roessler – O Primeiro Ecopolítico percorre a múltipla militância desse gaúcho, que conseguia conciliar reflexão com ação, seja escrevendo, seja no front ambiental à cata de poluidores, madeireiros, caçadores clandestinos e outros predadores da natureza.
Ativista e propagandista da ecologia, fiscal federal voluntário que trabalhava de graça para proteger o meio ambiente, ele também fundou, em São Leopoldo/RS, a primeira ONG ambiental do Sul do Brasil, a União Protetora da Natureza (UPN). O órgão estadual do meio ambiente, a FEPAM, leva o nome do pioneiro ambientalista: Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler.
Quando morreu, em 1962, foi chamado de "o maior guarda-florestal do Brasil". Mas, nos anos que se seguiram, caiu um véu sobre seu nome. O resultado é que Roessler, apesar do boom da ecologia nos anos 1970, é muito menos conhecido do que deveria. O papel de Roessler – O Primeiro Ecopolítico é contribuir para romper este silêncio e ajudar a divulgar uma obra e uma vida exemplares.
Ayrton Centeno autografa a obra hoje, 7 de novembro, às 18h30, na Praça de Autógrafos da 52ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Uma viagem pelo mundo do eucalipto
Outra obra lançada pela editora é o livro do jornalista Geraldo Hasse que traça um painel econômico em torno do eucalipto, paralelamente ao desenvolvimento nacional que acompanha essa cultura há mais de 100 anos no Brasil.
Árvore imigrante, originária da Austrália, tem ocupado as manchetes por conta de uma polêmica que se acirra no Rio Grande do Sul, onde três empresas planejam plantá-lo em grande escala para produzir celulose.
Sua presença no Brasil, no entanto, já tem mais de um século e seu valor econômico é comprovado em inúmeras atividades – desde a indústria de papel, passando pela fabricação de móveis e a produção de farmacêuticos, até o simples fornecimento de moirões para cerca.
É esta trajetória que o jornalista Geraldo Hasse descreve no livro Eucalipto – Histórias de um Imigrante Vegetal (
JÁ Editores, 128p., R$ 25,00) em que procura colocar numa perspectiva mais ampla o embate que hoje contrapõe ecologistas gaúchos e os adeptos da silvicultura.
A narrativa sobre a presença "alienígena", como Hasse define a planta, tem como pano de fundo a própria história da industrialização brasileira. O autor lista suas primeiras aparições em território nacional, ligadas à queima de madeira para produção de calor, passando pela construção de ferrovias, sua utilização nas usinas siderúrgicas e, finalmente, nos processos de fabricação de papel.
A economia em torno do eucalipto o eleva de uma posição de coadjuvante à protagonista da indústria de celulose e do debate sobre a monocultura, inclusive no Pampa Gaúcho. A consolidação da planta como insumo produtor de papel, leva Geraldo Hasse a passear por entre as diversas espécies utilizadas nesses processos, até a consolidação do Eucaliptus Urograndis, ou o eucalipto brasileiro, produzido em laboratório através da manipulação genética. A obra, assim, adquire também um caráter científico, mesmo que esse não seja seu principal propósito.
Em Eucalipto – Histórias de um Imigrante Vegetal, o leitor ainda vai encontrar curiosidades sobre as possíveis utilizações da planta, como a coleção de estampas que o sabonete Eucalol lançou na década de 30 e que movimentam colecionadores até os dias de hoje.
Geraldo Hasse, que escreve e pesquisa sobre o tema há duas décadas, autografa Eucalipto – Histórias de um Imigrante Vegetal na quinta-feira, 9 de novembro, às 18h30, na Praça de Autógrafos da 52ª Feira do Livro de Porto Alegre.
(Da Redação, 07/1102006)