Rio dos Sinos ganha oxigênio puro
2006-11-06
Os pontos mais críticos do Rio dos Sinos deverão receber oxigênio puro, e duas empresas especializadas deverão executar esse trabalho. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) estima que as ações comecem nos próximos dias. No sábado (04/11), agentes da Fepam, Defesa Civil Estadual, Brigada Militar e Batalhão Ambiental da BM percorreram, por água e ar, os trechos em condições mais críticas do Sinos. A falta de oxigenação e a baixa vazão do rio são preocupantes, especialmente nos arroios Luiz Rau, João Corrêa e Portão. Para que os peixes tenham condições de respirar, a água deve conter, no mínimo, entre seis e oito miligramas/litro de oxigênio dissolvido (OD). No arroio Portão, em 1º de novembro, os técnicos constataram 0,3 mg/l de OD. Na foz do Sinos, em Caraá, esse número é de 10 mg/l. Em conseqüência, a natureza não tem condições de sustentar a biodiversidade do rio.
O diretor-técnico da Fepam, Jackson Müller, explicou que a concentração de poluentes, oriundos do esgoto doméstico e de remanescentes industriais, é a grande causadora da situação. Na manhã de sábado, Müller sobrevoou a área do Arroio Portão, para avaliar o local onde será feita a aeração. "Talvez uma das possibilidades seja utilizar a foz do rio Velho", estimou Müller. O ponto do Canal João Corrêa, próximo da BR 116, é outra prioridade para efetuar a injeção de oxigênio puro.
A bacia do Rio dos Sinos é formada por 32 municípios e possui 382 km de extensão. Representa 1,5% da área total do RS. A mortandade que atingiu 16 espécies de peixes, em 8 de outubro, assustou até agentes experientes da área de proteção ambiental. Foram 90 toneladas de peixes mortos. "Foi a pior forma de ver que o rio estava vivo", afirmou Müller. Depois do desastre ambiental, a Fepam baixou portaria determinando a redução em 30% da vazão licenciada de todas as atividades industriais situadas na sub-bacia do arroio Portão. Os municípios também têm o prazo de 180 dias para apresentar proposta de plano de saneamento voltado à redução dos lançamentos de esgotos domésticos sem prévio tratamento. "Queremos convocar o setor industrial a reagir em defesa do Sinos e, tenho certeza, haverá uma resposta positiva", afirmou Müller.
(Correio do Povo, 06/11/2006)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp