Quem já viu o documentário Uma Verdade Inconveniente, em cartaz na Capital, deixou o cinema
acreditando que pode ajudar na sobrevivência de pingüins, ursos polares e da própria
humanidade. O filme que denuncia a mais recente ameaça à Terra - o devastador efeito estufa -
não veio para assustar. Ele mostra que cada pessoa, no dia-a-dia, pode reduzir o aquecimento
da temperatura global.
O documentário com o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore (gestão Bill Clinton) prova
que o efeito estufa saiu do gabinete dos cientistas para entrar no cotidiano das famílias. Na
sexta-feira (03/11), ZH foi conferir a reação dos porto-alegrenses à saída do Unibanco Arteplex, uma
das salas que exibem a película. A unanimidade: não é um filme-catástrofe, mas de
conscientização e com um final alentador.
O que dividiu os espectadores é a participação de Al Gore. Uns acharam que apareceu demais.
Outros elogiaram, justamente por desafiar o atual governo norte-americano, que se recusa a
baixar a produção industrial para frear a emissão de gases.
O que o público aprovou, sem dissidências, foi a proposta do filme dirigido por Davis
Guggenheim. As pessoas saíram convictas de que é possível enfrentar a tragédia. Se todos se
mobilizarem, poderá ser contido o derretimento das geleiras, que causaria milhares de
refugiados e a extinção de espécies.
Se algumas potências mundiais não fecham suas chaminés, se o Brasil não detém as queimadas na
Amazônia e no Pantanal, a população é instruída a agir. Além de pressionar governantes, pode
adotar medidas tão simples como trocar a lâmpada da sala, reciclar o lixo, preferir o e-mail.
O filme garante que atos simples, como calibrar os pneus do carro, podem reverter o perigo.
"Meus filhos vão sofrer"
Mônica Saffran (Três Coroas), psicóloga, 43 anos, dois filhos:
"Uma cena que me impressionou foi o efeito do derretimento das calotas polares. Populações da
China e da Índia serão desalojadas.
A mudança começa pela escolha dos eletrodomésticos, a redução do consumo, a conscientização
nas escolas, as conversas com amigos e familiares. Vou fazer isso.
O documentário alerta que, se a situação continuar assim, daqui a 50 anos a vida ficará
insustentável. Meus filhos vão sofrer."
O que vai fazer
> Manter pneus do carro calibrados
> Continuar a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes
"O final é otimista"
Carlos Schroeder (Capital), professor de física, 40 anos, um filho:
"O filme tem o mérito de apresentar os perigos do aquecimento global de forma direta e
didática. Assisti ao documentário para ver se recomendo para os meus alunos como tarefa de
aula. E vou pedir isso à direção do colégio.
O que é mostrado sobre o efeito estufa é 100% concreto, não é palavrório. Mas a gente não sai
do cinema pessimista. A mensagem final é de otimismo. Mostra o que as pessoas podem
fazer."
O que vai fazer
> Manter pneus do carro calibrados
> Continuar a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes
Ajude a conter o efeito estufa
Na rua
> Mantenha o carro regulado. Um motor sem manutenção consome mais combustível e aumenta a
poluição.
> Ande menos de carro. Se dirigir 20 mil quilômetros por ano, estabeleça como meta uma redução
de 10%, utilizando o transporte público, a bicicleta e caminhando.
> Prefira carros bicombustíveis, porque o álcool é uma fonte de energia renovável.
Em casa
> Prefira o ventilador ao ar-condicionado.
> Se tiver mais de uma geladeira ou freezer, desligue os que forem dispensáveis.
> Evite deixar computadores ligados o dia todo. Configure-os para que desliguem quando estão
em espera.
> Use o mínimo de papel e dê preferência ao reciclado.
> Não deixe a torneira de água correndo ao barbear-se, escovar os dentes ou lavar louça.
(Por Nilson Mariano,
Zero
Hora, 06/11/2006)