Greenpeace diz que sociedade não foi ouvida sobre nova MP dos transgênicos
2006-11-03
O engenheiro agrônomo Ventura Barbeiro, representante da organização não-governamental Greenpeace, afirmou nesta quarta (1/11) que a Medida Provisória 327, publicada no dia 31/10 no Diário Oficial da União, foi decidida sem que a sociedade civil pudesse opinar. A medida permite a plantação de organismos geneticamente modificados, os chamados transgênicos, em áreas de proteção ambiental.
Em entrevista à Agência Brasil, ele afirmou que "mais uma vez foi aprovada uma medida para beneficiar aqueles que trabalham contra a lei". E acrescentou: "As mudanças vieram por MP para modificar a lei [nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003]e a sensação de impunidade é grande É a sociedade que perde”.
Segundo Barbeiro, a plantação da soja transgênica resistente ao defensivo agrícola Roundup (RR) e do algodão transgênico inseticida podem representar grande impacto sobre os solos. Também podem ser prejudiciais às áreas de conservação em que a MP permite o plantio – áreas de proteção ambiental (APAs) e zona de amortecimento (faixa de proteção, cuja largura varia) de outros tipos de unidades de conservação.
Ele explicou que as variedades utilizam agrotóxicos, que podem contaminar o meio ambiente. E lembrou que a Lei 9.885, de julho de 2000, que regulamenta o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, antes proibia o plantio de transgênicos nessas áreas.
“A lei previa a ocorrência de atividades econômicas que não causassem degradação às unidades de conservação, por isso a agricultura ecológica era incentivada. Então o agricultor se beneficiava desse ambiente preservado e não causava impacto à natureza”, disse Barbeiro.
(Por Juliane Sacerdote, Agência Brasil, 01/11/2006)
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