Brasil participa de mobilização mundial contras as mudanças climáticas
2006-11-03
As mudanças climáticas são hoje um tema recorrente em debates e estudos por todo o planeta. O interesse é, mais que tudo, uma questão de sobrevivência. Os prognósticos da continuidade do aquecimento global variam conforme cenários mais ou menos dramáticos. Mas em relação a pelo menos um ponto existe unanimidade: se providências não forem tomadas rapidamente, seus efeitos serão, literalmente, cada vez mais catastróficos.
“O aumento da temperatura está causando o derretimento de geleiras do Ártico, Antártica e das cumeeiras de grandes cadeias montanhosas. O fenômeno é responsável também por verões com temperaturas cada vez mais elevadas na Europa, fenômenos climáticos extremos no Caribe e Golfo do México, bem como pelo incremento das epidemias tropicais, e mais recentemente, uma surpresa no sul do Brasil: o Furacão Catarina”, diz a mestra em Ciência Ambiental Rachel Biderman Furriela no artigo Mudanças Climáticas Globais: Desafios e Oportunidades publicado no Ambiente Mudanças Climáticas de AmbienteBrasil.
Ainda segundo ela, “outros impactos relevantes esperados são o aumento do nível do mar e o gradual desaparecimento de países insulares, o incremento de problemas de desertificação e falta d´água, aumento da freqüência e intensidade de eventos climáticos extremos, alteração na vocação das regiões agrícolas, migração de doenças tropicais, dentre outros”.
O terceiro relatório do Grupo de Trabalho sobre Mudanças Climáticas e o Desenvolvimento, que reúne cerca de 20 organizações não-governamentais - entre elas o Greenpeace e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) -, divulgado no final de agosto passado, alerta que as mudanças climáticas na América Latina e no Caribe e as catástrofes naturais vão se intensificar a ponto de criar "uma situação insuportável" se os governos não agirem.
Se esse movimento não tiver motivação humanitária – nem sempre a prioridade -, que o tenha pelo aspecto econômico. O relatório aponta que o impacto dos desastres ambientais, nesse quesito, também aumentou: de 1970 a 1990, as perdas causadas por desastres naturais quintuplicaram, chegando a US$ 629 bilhões na década de 90.
As pesquisas mostram que a prevenção contra catástrofes naturais custa menos que a reconstrução causada pelos danos, e acrescentam que cada euro gasto com prevenção permite reduzir de quatro a dez euros os custos com reconstrução.
O Núcleo Amigos da Terra/Brasil confirma a dimensão desse prejuízo. “Em março de 2004, o Furacão Catarina surpreendeu a costa sul do Brasil e deixou mais de 33.000 pessoas desabrigadas. As perdas econômicas para o país foram de cerca de 1 bilhão de reais”, registra, em material distribuído à imprensa.
“Apesar da incerteza científica sobre o assunto, existe um consenso forte de que o aquecimento global, provavelmente, aumentará a intensidade dos furacões, como o Catarina, que traumatizou a população do sul de Santa Catarina e do litoral norte do Rio Grande do Sul”, diz Carolina Herrmann, ativista da Campanha de Clima da entidade, que lembra: o Brasil é o quarto emissor mundial de gases de efeito estufa.
É urgente, portanto, a necessidade de conscientização para o problema. Nesse sentido, um passo será dado neste sábado (4/11), estipulado não oficialmente como Dia Mundial Contra as Mudanças Climáticas.
Nesta data, mais de 45 países vão promover ações como caminhadas, passeios de bicicletas, palestras e manifestações com o objetivo de alertar a população e pressionar as lideranças mundiais que estarão reunidas na próxima semana na cidade de Nairobi, no Quênia, na Convenção de Clima da ONU - COP12 – e Reunião do Protocolo de Kyoto – COP MOP 2 – para que realizem uma ação urgente visando deter as mudanças climáticas.
“Este é um problema mundial que requer vontade política internacional e ações locais. É necessária uma ação imediata por parte dos governos e uma mudança de atitude da população para que se reduzam as chances de uma catástrofe climática”, diz Carolina Herrmann.
Em Porto Alegre (RS), no Parque Farroupilha, o Núcleo Amigos da Terra/Brasil e o Greenpeace estarão distribuindo panfletos de educação ambiental para conscientizar a população do seu importante papel para uma ação efetiva contra as mudanças climáticas. A mobilização acontece na frente do Monumento ao Expedicionário, das 9h às 13h.
(Por Mônica Pinto, AmbienteBrasil, 02/11/2006)
http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=27601