(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-11-03
A construção de postos de vigilância na fronteira da Bolívia e uma hipotética defesa mútua com a Venezuela brilha na superfície da aliança entre estes dois países, mas, no fundo vibra uma estratégia para controlar e usar politicamente as formidáveis alavancas energéticas da América do Sul. O anúncio de que a Bolívia construirá, com ajuda da Venezuela, dois postos para controlar e melhorar o fluxo de transporte em sua fronteira, um em Riberalta, departamento de Beni, a nordeste de La Paz e de frente para o Peru, e outro em Puerto Quijarro, no sudeste próximo ao Paraguai, incentivou especulações divulgadas pela imprensa regional nas últimas semanas.

“Mas a questão de fundo não é esse modesto pacto militar, mas a aliança energética que parece se traduzir no afastamento da Petrobras em favor das companhias de petróleo estatais da Venezuela e Argentina, isto é, do eixo Caracas-Buenos Aires que coloca sua mão no gás boliviano”, disse à IPS o analista venezuelano de assuntos internacionais Alberto Garrido. Petróleos da Venezuela AS (Pdvsa) já tem pronto para investir US$ 1,5 bilhão em negócios de hidrocarbonetos na Bolívia, e a Energia Argentina AS (Enarsa) acaba de assinar um convênio por 20 anos para se abastecer com até 27,7 milhões de metros cúbicos diários de gás boliviano, e para isso serão mobilizados nessas duas décadas para La Paz quase US$ 50 bilhões entre investimentos e compras.

Por seu lado, a Petrobras parece pressionada diante da negociação de um novo acordo com a Bolívia para compra de seu gás natural a preços superiores aos de 1º de maio, quando o governo esquerdista de Evo Morales anunciou a nacionalização de suas reservas de hidrocarbonetos, a par de tratar de defender seus investimentos nesse país de US$ 1,5 bilhão. Segundo Garrido, La Paz e Caracas apostam forte com estas jogadas a favor de suas estratégias de poder. No caso da Bolívia, “o convênio com a Argentina estabelece que esse gás não deve ir para o Chile, porque o acesso a essa energia é a única pressão que Santiago tem para negociar a questão da saída para o mar” perdida desde o final do século XIÇX com a chamada guerra do Pacífico.

Em Caracas, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, “falou em consolidar uma potência energética na região, como base para enfrentar o império norte-americano”, disse o analista. “Venezuela e Bolívia coligadas têm a reserva de petróleo número um e a segunda e terceira de gás, em todo o hemisfério”, acrescentou. Dessa forma, o general Alberto Muller, chefe do Estado Maior presidencial da Venezuela, disse em uma conferência na Escola Superior de Guerra Aérea de seu país que “o petróleo é uma arma e deve ser usada, tanto para cooperação quanto para resistência. Trata-se de chantagear com o petróleo para conseguir os objetivos deste processo”, afirmou. Também Chávez disse que se alguma força interna ou externa atacar o governo da Bolívia “nosso país não ficará de braços cruzados, porque dali depende o destino da integração do continente”.

Entretanto, quando meios de comunicação reproduziram inquietações ventiladas no Chile, Paraguai e Peru sobre um acordo, o ministro venezuelano da Defesa, general Raúl Baduel, explicou que esse convênio se baseia em um contexto de “cooperação técnica para melhorar as capacidades de cada país” e contribuir para o desenvolvimento de zonas deprimidas. De concreto, disse Baduel, engenheiros militares venezuelanos ajudarão a melhorar a infra-estrutura de Puerto Guijarro e a construir um forte em Riberalta “para assentar exclusivamente tropas bolivianas”, ressaltou, rechaçando a hipótese de unidades ou bases das forças armadas venezuelanas se estabelecerem no país do altiplano da cordilheira dos Andes.

Em La Paz, o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, disse à IPS que somente esses dois pontos receberão ajuda técnica venezuelana, por isso “é uma idéia absurda, ilógica e que beira o ridículo afirmar que a Bolívia esta em uma corrida armamentista”. Quintana recordou que a Bolívia gasta apenas US$ 14 por pessoa na área da defesa e seu orçamento para o setor, de US$ 114 milhões anuais, não se compara nem de longe com os dos vizinhos Chile, que gasta US$ 2,2 bilhões ao ano, ou o Peru, com US$ 1 bilhão, e menos ainda do que o Brasil, que destina à segurança entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões.

A Bolívia vai destinar em cinco anos US$ 12,5 milhões para a construção de fortes em regiões de fronteira, incluindo um na região de Silala, na fronteira com o Chile. Santiago subestimou a importância do acordo Caracas-La Paz, pois “esse apoio é dirigido à proteção do território muito difícil que tem a Bolívia, com problemas de contrabando e migração em sua fronteira”, admitiu a ministra da Defesa do Chile, Vivianne Blanlot. O chefe do exército chileno, general Oscar Izurieta também concordou que o convênio “não é uma preocupação importante para seu país. Temos todos os antecedentes, estamos informados e mantemos um relacionamento permanente com o exercito boliviano”, afirmou o militar.

Por sua vez, o Peru, cujo presidente, Alan García, manteve embates retóricos com Chávez, expressou preocupações pela construção de uma nova base diante de sua fronteira. “Se for mudado o status quo será um gesto de desconfiança, para chamá-lo de alguma maneira”, disse à IPS o chanceler peruano, José Antonio García Belaúnde. Entretanto, como o acordo entre Caracas e La Paz está parado no Senado após ter sido aprovado na Câmara de Deputados, “ainda é uma possibilidade, não uma decisão tomada”, acrescentou. Belaúnde e seu companheiro de gabinete, o ministro da Defesa, Allan Wagner, esperam pela visita a Lima, este mês, o ministro da Defesa da Bolívia, Walter Santa Cruz, para tratar extensamente da questão.

Na oposição peruana, Juan Mariátegui, membro do Parlamento Andino, acusou o governo de Alan García de exagerar, pois a Bolívia “não vai construir bases, mas módulos com não mais do que 15 efetivos para vigiar a linha de fronteira. Que invasão farão com 15 soldados”, perguntou. “Quando se produz uma intervenção norte-americana na região a chancelaria peruana fica muda, mas, quando se informa sobre a colaboração da Venezuela com o país-irmão Bolívia se fala exageradamente de intervencionismo”, disse Mariátegui. José Robles, da área da defesa no Instituto de Defesa Legal em Lima, disse á IPS que, “de todo modo, preocupa e he lógico que o Peru pergunte por que da noite para o dia a Bolívia decidiu instalar uma de suas bases militares na fronteira”.

No Paraguai (que travou uma guerra com a Bolívia em 1932-1935), o senador Eusebio Ramón Ayala, do opositor Partido Radical Autêntico, disse ter “especial sensibilidade para este assunto, embora, segundo Morales, a substituição não de grande porte. “Mesmo procedendo (o acordo) de Chávez, que está em um afã armamentista que pode romper o equilíbrio de força na região”, alertou.

A Venezuela vai comprar da Rússia 53 helicópteros MI-25, 26 caça-bombardeios Sukhoi 30 e cem mil fuzis de assalto Kalashnikov AK-30 com uma fábrica de munições para eles, a fim de renovar seus equipamentos bélicos muito velhos. Entretanto, Garrido advertiu que também Brasil e México estão comprando Sukhoi russos e a Argentina adquire novas baterias de mísseis.
(Por Humberto Márquez, IPS, 01/11/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=24182&edt=1

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -