Atividades agrícolas em áreas de cerrado normalmente demandam a aplicação de elevadas doses de fertilizantes e de pesticidas, produtos químicos que aceleram o processo de degradação do solo. A perda de matéria orgânica, principal componente da fertilidade dos solos, é a maior preocupação dos pesquisadores que estudam o assunto.
Uma boa alternativa para minimizar o problema é o uso de plantas de cobertura, como aponta o livro Cerrado Adubação Verde, organizado pelos pesquisadores Renato Amabile e Arminda Moreira de Carvalho, da Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Planaltina (DF).
A obra é uma compilação de informações geradas nas últimas três décadas sobre o tema, com detalhes técnicos dessa prática ainda pouco utilizada no país, mas que contribui para o manejo sustentável dos agroecossistemas.
“Essa é a primeira publicação brasileira sobre técnicas de adubação verde em cerrados”, disse Arminda Moreira de Carvalho. Segundo ela, se bem feita e planejada, a técnica traz benefícios diretos às propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
“A adubação verde torna menos agressiva a incorporação de nutrientes e a fixação de nitrogênio no solo. Apesar de a maior parte das plantações não dispensar a utilização dos insumos convencionais, a intenção do livro é mostrar que, em muitas culturas, é possível diminuir significativamente a utilização de fertilizantes, agrotóxicos e pesticidas”, explica Arminda.
Os dez capítulos da obra trazem artigos e resultados de estudos feitos por especialistas em cerrado. Diversos assuntos da agronomia são discutidos, entre os quais manejo e conservação de solo, fitotecnia, sistemas de produção, microbiologia do solo, micorrizas, nematologia e entomologia.
Arminda afirma que as técnicas presentes na obra têm grande potencial de aplicação na agricultura orgânica, cuja legislação não permite a utilização de determinados defensivos químicos. “Além de dinamizar a produção de hortaliças e grãos orgânicos, a adubação verde evita a ocorrência de impactos ambientais mais graves devido à diminuição dos níveis de poluição do solo e dos mananciais hídricos”, disse.
Além de mostrar a importância ambiental e econômica da adubação verde, o livro indica ainda as espécies vegetais com melhores condições de adaptação ao cerrado, como a mucuna preta (Mucuna aterrina), o milheto (Pennisetum glaucum) e o guandu (Cajanus cajan).
“Como a maior parte dessas plantas não é comestível, sendo usadas apenas para melhorar a fertilização do solo, ainda são poucos os produtores que aderiram a esse tipo de técnica no Brasil”, explica Arminda.
Mais informações sobre o livro pelo e-mail vendas@sct.embrapa.br ou pelo telefone (61) 3340-9999.
(Por Thiago Romero,
Agência Fapesp, 01/11/2006)