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2006-11-03
O dia no qual iniciou oficialmente o período da piracema também foi marcado por uma reunião, cujo objetivo foi justamente buscar formas de coibir a pesca predatória. O encontro entre a Associação Pró-Jacuí, o Comando Ambiental da Brigada Militar (CABM) e a Codesp/AHSUL, empresa administradora de barragens, ocorreu ao meio-dia de quarta-feira (01/11) junto ao Anel de Dom Marco, em Rio Pardo. O ponto principal foi a promessa da Brigada de reforçar o policiamento junto ao Rio Jacuí.

A época da piracema se estende até 31 de janeiro. Conforme o presidente da Pró-Jacuí, Darci Metzger, uma parceria está sendo formada para coibir a pesca predatória no período. Segundo ele, a associação participa com um barco, entregue anteriormente à Polícia Ambiental. A BM entra com o efetivo e a Codesp auxilia fornecendo alimentação e combustível para o trabalho policial. “Estamos juntando forças para coibir os abusos, tão comuns nesta época”, ressaltou o presidente.

Conforme Metzger, no Jacuí os excessos ocorrem principalmente nas barragens situadas em Cachoeira do Sul, Rio Pardo e General Câmara, justamente porque nestes pontos os peixes estão mais vulneráveis. Ontem mesmo, as equipes puderam presenciar um barco cujos tripulantes jogavam suas linhas a menos de 200 metros do tombo de água, área onde a pescaria é proibida em qualquer época do ano. “Este tipo de cena é muito freqüente. O pior é quando os peixes são apanhados por redes no momento em que sobem as escadarias para a reprodução”, comentou.

Por este motivo a Codesp se uniu à força-tarefa. Durante a reunião, Lélio Postiga, engenheiro da empresa, chegou a solicitar PMs fixos 24 horas por dia junto às barragens. No entanto, o comandante estadual do CABM, coronel Joarez Fernandes de Souza, logo informou que a solicitação é inviável por enquanto, devido à falta de pessoal.

Por outro lado, ele revelou ter à disposição um reforço de efetivo do Comando Regional do Vale do Rio Pardo, o que permitirá um incremento de ações ao longo da piracema. “Desta forma, poderemos atuar mais nos períodos do dia considerados críticos, quando ocorre mais pesca. Também será possível realizar operações de fiscalização junto aos acampamentos”, garantiu o coronel.

EDUCAÇÃO – Ao mesmo tempo, o comandante destacou a importância de serem criados projetos de educação ambiental. “Com o policiamento podemos minimizar, mas não resolver a situação. Temos que criar mecanismos para mudar esta cultura predatória.” Também presente no encontro, o comandante do 2º Batalhão Ambiental, major Ademir Grasel, concordou com o superior. “Não adianta encher as cadeias de pescadores que atuam ilegalmente. É preciso mostrar que assim eles estão dando um tiro no próprio pé, estão acabando com o próprio sustento.”

Convênio
A BM e a Codesp também estão prestes a assinar um convênio, possibilitando a ação de PMs da reserva junto às barragens. A questão está sendo estudada pelo Comando Ambiental. A princípio, a empresa repassaria a verba necessária para o pagamento dos salários, enquanto a Brigada coordenaria o trabalho.

“A mortandade é maior que a do Rio dos Sinos”
Coordenador da Barragem do Anel de Dom Marco, Laudir Oliveira não esconde a revolta diante das cenas presenciadas diariamente no local. “A mortandade de peixes é maior que a registrada recentemente no Rio dos Sinos, onde a água foi poluída. Aqui, são milhares de quilos de peixes pescados ilegalmente”, disse.

Segundo ele, sua equipe de trabalho ouve ameaças quando repreende os pescadores e nem sempre a BM consegue chegar a tempo. “Os sujeitos sabem quando os PMs estão a caminho, pois comparsas os avisam pelo celular ao ver as viaturas na estrada.”

ENCAPUZADOS – No entanto, Lélio Postiga garante que na Barragem de Santo Amaro, em General Câmara, a situação é ainda pior. “Como temos câmeras, os pescadores agem encapuzados, como assaltantes. As imagens captadas pelo monitoramento fazem chorar, tanto pela quantidade de gente pescando quanto pela forma. Eles simplesmente pegam os peixes no momento em que os animais estão subindo as escadarias, para a desova”, relatou. Ali, a chegada do policiamento também é comunicada com antecedência por olheiros.

As regras do jogo
O sargento Márcio Palma de Brito, da Polícia Ambiental de Rio Pardo, alerta que a pescaria amadora exige bem mais do que os tradicionais apetrechos. Segundo ele, independente da época do ano o interessado deve ter carteira de pescador, na categoria A (para atuar nas margens dos rios) ou B e C (para pesca em barcos). O uso de embarcações a motor exige documentação em dia com a capitania dos portos e que o piloto tenha carteira.

Durante a piracema, cada um pode pescar no máximo cinco quilos de peixe mais um animal além deste limite. O uso de redes e espinhéis está proibido no período. Já nas barragens, a pesca é sempre vedada 200 metros acima e abaixo do tombo d’água.
(Por Ricardo Düren, Gazeta do Sul, 02/11/2006)

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