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2006-11-01
A usina de cana-de-açúcar do grupo Santa Terezinha, em Tapejara (noroeste do Paraná), é a primeira no estado a vender energia elétrica excedente para o sistema nacional interligado.

A usina, que já era auto-suficiente na geração de eletricidade, a partir da queima do bagaço da cana-de-açúcar, passou a exportar à Eletrobrás, em junho passado, 28 MW (Megawatts) por hora ou 672 MW por dia de energia.

"Suficiente para abastecer uma cidade com 40 mil habitantes", diz Marco Andrei, supervisor de geração de energia da unidade. Segundo ele foram investidos R$ 165 milhões no projeto, financiado pelo BNDES em 12 anos, destinados - em partes - a compra de caldeira de alta pressão, com capacidade para queima de 300 toneladas de bagaço de cana-de-açúcar,

Ele explica que a queima do resíduo da cana gera energia térmica em forma de vapor, que, por vez, vai para turbina ligada a um gerador e se transforma em energia elétrica.

"Temos outras três caldeiras, mais antigas, para o consumo interno, que é de 8 megawatts", conta Andrei.

Também foram feitos investimentos na expansão da área plantada, com o conseqüente aumento na produção de cana-de-açúcar (11,5 mil toneladas/dia) e na capacidade de moagem da usina que pulou de 1,75 milhão tonelada/ano para 2,3 milhões toneladas/ano. A perspectiva para 2007 é a moagem de 3,3 milhões de toneladas.

Os novos investimentos duplicaram o número de funcionários da usina de Tapejara, de 2 mil para 4 mil pessoas. O grupo Santa Terezinha não informou o custo de produção e a receita mensal da venda da eletricidade. A empresa paga à Copel um "pedágio" de R$ 2,45 por megawatt, por usar a linha de transmissão da estatal paranaense.

Saiba mais
O grupo Santa Terezinha é o maior do setor sucroalcooleiro do Sul do país, com quatro usinas no Paraná - em Tapejara, Maringá, Paranacity e Ivaté. Com a entrada em funcionamento da nova unidade de Terra Rica, previsto para 2007, a capacidade total de moagem chegará a 9,1 milhões de toneladas/ano.

Número
1 tonelada de cana-de-açúcar gera em torno de 300 quilos de bagaço

Alcopar cita avanço tecnológico
Na avaliação do presidente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), Adriano da Silva Dias, a ampliação do processo de co-geração de energia elétrica representa importante avanço tecnológico para a Usina Santa Terezinha e inaugura novos tempos para o setor sucroalcooleiro do Paraná.

"Acreditamos que o açúcar e alcool devem passar a ser subproduto na cadeia produtiva da cana, que possibilita uma série de alternativas, entre eles a geraçao de energia. Estamos explorando apenas 1/3 desse potencial energético", comenta Dias.

Ele relata que todas as 27 usinas de álcool do Paraná produzem eletricidade em volume maior do que o consumo interno e que só não estão prontas para vender, por falta de recursos para investimentos. "É preciso fazer a interligação com a rede nacional para a transmissão da energia, a compra de caldeiras e pequenas adequações".

Números da Alcopar revelam que as usinas paranaenses, juntas, têm capacidade para produzir 9,6 milhões de toneladas de bagaço de cana, que podem gerar 8,448 mil KW.

A partir do próximo ano, outras duas usinas passarão a vender energia elétrica: a de Cidade Gaúcha e de Alto Alegre. "As demais estão com projeto engatilhado", afirma o presidente da Alcopar.

De acordo com o pesquisador Amélio Dallagnol, da Embrapa, na prática a venda de energia excedente pelas usinas não muda a rotina ou o peso da conta no bolso do consumidor, mas que é interessante no sentido que resolve um problema ambiental e cria uma fonte alternativa de energia.

"Pode diminuir o risco de apagões e ajudar a pouPar os reservatórios das hidrelétricas em tempos de estiagem", atentou. "Além disso, há a geração de novos empregos e renda às familias rurais".
(Por Elaine Utsunomiya, Diário do Norte do Paraná, 31/10/2006)
http://www.odiariomaringa.com.br/noticia.php?id=105327

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