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2006-11-01
A falta de saneamento básico na Serra está causando a degradação das lagoas do município. Em Manguinhos (ES), a lagoa Maringá está coberta da chamada alface d´água, conhecidas cientificamente como Pistia stratiodes, que se proliferam cada dia mais através dos nutrientes como fósforo e nitrogênio, abundantes no esgoto sem tratamento que é jogado nas águas diariamente.

Segundo o chefe de Fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente da Serra, Marcos Tosta, o problema já é conhecido e acontece devido ao crescimento rápido do município e pela falta de investimentos do governo do Estado para a coleta e tratamento de esgoto.

Sem esse tratamento, as lagoas da Serra estão cada vez mais vulneráveis à proliferação da alface d´água. Essa planta aquática flutuante pode ser encontrada principalmente em locais eutrofizados e causam problemas sociais e econômicos nas regiões onde se proliferam em decorrência da grande massa vegetal produzida.

No caso da Lagoa Maringá uma licitação para limpeza já foi feita, e resta agora que o município reúna recursos para pagar este serviço. A medida pretende limpar toda a lagoa mas não resolverá o problema, como lembrou Marcos Tosta. O esgoto que a afeta provém principalmente do bairro Vila Nova de Colares, que não possui saneamento básico.

"Essa planta se prolifera através dos nutrientes presentes em esgotos não tratados como o fósforo e o nitrogênio. A partir daí, sua limpeza vai apenas amenizar o problema. Somente o tratamento do esgoto será capaz de solucioná-lo", ressaltou.

Segundo ele, a proliferação da planta vem causando prejuízos visuais para a população que estava acostumada a ver um grande espelho d´água no lugar de um tapete de plantas, e o mais grave, que não permitem a oxigenação correta da lagoa e compromete assim todo o recurso, incluindo os peixes.

"O complexo lagunar não está morto ainda porque as chuvas vêm abastecendo a lagoa de água limpa, mas se não ocorrer a limpeza integrada com o tratamento do esgoto, a lagoa pode ser afetada mais gravemente no futuro", frisou.

Marcos lembra da importância de projetos como o Águas Limpas chegarem à região, para auxiliar a prefeitura no combate a este problema, destacando que é competência do governo do Estado se responsabilizar pelo tratamento de esgoto do município.

Além dos problemas ambientais, a saúde da população que entrar em contato com a água também pode ficar comprometida, devido à qualidade da água.

A presença de alface-d´água, aguapé, entre outras plantas que surgem em locais eutrofizados, são consideradas indicadoras de ambientes poluídos com alta concentração de matéria orgânica.

A lagoa Maringá é uma lagoa artificial, originada pelo represamento parcial do córrego Maringá, decorrente da implantação da rodovia ES-010 e localiza-se próximo ao posto policial rodoviário do balneário de Manguinhos. Antes da degradação, o local era usado para recreação de famílias e pesca. Atualmente, apenas alguns pescadores se arriscam nas águas poluídas com o objetivo de encontrar os peixes que ainda restam na região.

Na Serra, há ainda vasta rede hidrográfica constituída por rios, ribeirões, áreas alagadas e alagáveis, córregos e complexos de lagoas que são diretamente afetados com a falta de tratamento de esgoto. Essa poluição afeta diretamente a vida econômica na região, já que as lagoas do município estão entre os sistemas naturais mais representativos do município. As lagoas possuem grande beleza cênica e servem de refúgio para as espécies da fauna e flora natural da região.
(Por Flávia Bernardes, Século Diário, 31/10/2006)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/outubro/31/index.asp

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