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2006-11-01
Todos os grandes centros urbanos do Brasil estão fora dos novos padrões mundiais de qualidade do ar, anunciados no último dia 5 de outubro pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A constatação é de Paulo Hilário Nascimento Saldiva, diretor do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP. "O que a gente imaginava que fosse uma qualidade de ar boa, na verdade não é mais", alerta o médico patologista.

Paulo Saldiva e Nélson da Cruz Gouvêa, da FMUSP, foram os únicos pesquisadores brasileiros, especializados em poluição atmosférica, a participar do comitê da Organização Mundial de Saúde, que alterou os níveis mínimos recomendados para a poluição do ar em todo o mundo. A reunião do comitê foi realizada em outubro do ano passado, em Bonn, na Alemanha, mas somente agora a OMS divulgou os novos índices.

Pelos novos índices, a média diária recomendada para partículas inaláveis foi reduzida a um terço: passou de 150 µg/m3 (microgramas por metro cúbico) para 50 µg/m3. O ozônio baixou de 160 µg/m3 para 100 µg/m3 a média de 1 hora máxima.

O dióxido de enxofre teve a média diária reduzida de 100 µg/m3 para 20 µg/m3.

O dióxido de nitrogênio não sofreu alterações, permanecendo o índice de 200 µg/m3 para a média de 1 hora máxima. Outros poluentes não foram avaliados.

Na avaliação de Saldiva, a poluição do ar já deixou de ser apenas um problema ambiental e passou para a esfera da saúde pública. "A má qualidade do ar comprovadamente reduz a expectativa de vida, aumenta a mortalidade, leva ao abortamento e eleva os riscos de doenças cardíacas e de câncer", afirma o patologista.

Os novos padrões de qualidade do ar definidos pela Organização Mundial de Saúde, porém, dependem de decisões de cada governo para serem implementados.
(Jornal do Meio Ambiente, 31/10/2006)
http://www.jornaldomeioambiente.com.br/JMA-index_noticias.asp?id=11495

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