A Petrobras recebeu ontem (31/10) da Prefeitura de Itaboraí a certidão que reconhece que o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) será instalado em uma Zona Estritamente Industrial (ZEI). O documento é pré-requisito para dar início ao processo de licenciamento ambiental. Os outros são: o Decreto Presidencial s/nº de 13/06/06 e as informações técnicas do projeto (entrada de matérias-primas, saída de produtos petroquímicos e unidades produtivas), definidas ao fim da etapa conceitual do Comperj. O protocolo ocorrerá na primeira quinzena de novembro.
O terreno de 45 milhões de metros quadrados, decretado de utilidade pública pelo Governo Federal, era uma zona rural. Daí a necessidade dessa alteração no Plano Diretor da cidade. "A partir de agora e à luz da legislação do município de Itaboraí, o Comperj está 100% dentro de uma zona estritamente industrial", comenta o diretor do Abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa. A ZEI é uma exigência técnica, em função da natureza do empreendimento petroquímico.
A Petrobras e as autoridades municipais de Itaboraí reforçam a responsabilidade da empresa quanto à preservação do meio ambiente, bem como do patrimônio histórico, artístico e cultural situado na área do projeto. Entre eles estão: a revegetação das matas ciliares das margens dos rios Macacu e Caceribu, o projeto de preservação do Convento de São Boaventura, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e a proteção do abastecimento de água à Estação de Tratamento de Imunana-Laranjal.
Um dos próximos passos, junto ao poder público municipal, é o acesso ao Comperj, por meio da BR-493 (Magé-Manilha). Haverá a construção de uma estrada que ligará diretamente a BR-493 ao empreendimento, minimizando o volume de tráfego em áreas povoadas.
O Comperj
Previsto para entrar em operação em 2012 e atualmente no início do projeto básico, no qual está inserido o processo de licenciamento ambiental, o Comperj é fruto da parceria da Petrobras com o Grupo Ultra e o BNDES. O complexo terá capacidade para processar 150 mil barris/dia de óleo pesado nacional. Em uma mesma planta industrial, sua estrutura será formada por uma Unidade de Refino e primeira geração (Unidade Petroquímica Básica - UPB) para produção de petroquímicos básicos, como eteno (1,3 milhão de toneladas/ano), benzeno (600 mil toneladas/ano), paraxileno (700 mil toneladas/ano) e propeno (880 mil toneladas/ano), além de um conjunto de unidades de segunda geração (Unidades Petroquímicas Associadas - UPA s) que vai transformar estes produtos básicos em produtos petroquímicos como estireno (500 mil toneladas/ano), etileno-glicol (600 mil toneladas/ano), polietilenos (800 mil toneladas/ano), polipropileno (850 mil toneladas/ano) e PTA/PET (500 mil/600 mil toneladas/ano). Haverá ainda uma Central de Utilidades (UTIL), responsável pelo fornecimento de água, vapor e energia elétrica necessários para a operação de todo o complexo.
Já as indústrias de terceira geração, que serão atraídas pelo complexo e devem se instalar nos municípios vizinhos e ao longo do arco rodoviário, que ligará Itaboraí ao Porto de Itaguaí, serão responsáveis por transformar esses produtos petroquímicos em bens de consumo, tais como: copos e sacos plásticos, além de componentes para as indústrias montadoras de automóveis e linha branca como eletrodomésticos.
Estima-se que o Comperj vai gerar um total de mais de 200 mil empregos diretos, indiretos e por "efeito-renda", durante os cinco anos da obra e após a entrada em operação; todos em escala nacional. Para atender a essa demanda, a Petrobras, em parceria com as Prefeituras, vai implantar Centros de Integração em todos os municípios do entorno do Complexo Petroquímico (Itaboraí, São Gonçalo, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Niterói, Maricá, Magé, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá). O objetivo é capacitar cerca de 30 mil profissionais da região, em 78 tipos de cursos gratuitos. Desse total, 78% serão em nível básico, 21% em nível técnico e 1% em nível superior.
A tecnologia do complexo permite obter grandes volumes de propeno, eteno e aromáticos, que são matérias-primas petroquímicas, ao contrário do que acontece em uma refinaria convencional, em que são produzidos grandes volumes de gasolina, diesel e GLP. O FCC Petroquímico é uma tecnologia própria, assim como foi a de produção em águas profundas. Nenhuma outra empresa do mundo detém essa técnica. Como o Brasil possui petróleo pesado em abundância, há muito tempo a Petrobras aumenta a pesquisa nessa área. Para isso, foram feitos testes de produção industrial nas refinarias, no Cenpes e no Parque Tecnológico da SIX, em Mateus do Sul, no Paraná.
O Comperj está sendo projetado e será construído com tecnologias avançadas, criadas pela Petrobras, como é o caso do FCC Petroquímico, ou que preencham suas especificações de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS), que superam os rigorosos padrões ambientais brasileiros. Como premissa, o projeto fará o reuso e a recirculação da água utilizada no Complexo, além do desenvolvimento de um conjunto de soluções tecnológicas redutoras do consumo de água e geração de efluentes.
(Assessoria de Imprensa da Petrobras, 31/10/2006)