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2006-10-31
O Brasil acaba de entrar para um seleto grupo de discussões na área energética, se tornando o primeiro país da América Latina a integrar o Conselho Mundial para Energias Renováveis (WCRE). A cadeira será assumida pelo deputado federal catarinense Mauro Passos (PT), que após o encerramento do seu mandato no final do ano pretende se dedicar intensamente à causa.

Estabelecido para promover políticas em todos os níveis ligadas ao uso de energia renovável, o WCRE tem como objetivo mostrar os benefícios das renováveis para a qualidade de vida das pessoas, proteção do clima, economia de custos a longo prazo e até mesmo paz. O lema do Conselho é desafiar governos e organizações internacionais a priorizarem as energias renováveis e forçarem a substituições de fontes convencionais.

O convite para integrar o conselho surgiu depois de um debate internacional promovido em abril pela Frente Parlamentar em Defesa da Energia de Fontes Renováveis do Congresso Nacional, criada há um ano pelo deputado. O WCRE é presidido por Hermann Scheer, nomeado herói do Século Verde pela revista americana Time em 2002. Além disso, Scheer preside a Associação Européia de Energias Renováveis (Eurosolar) e é membro do parlamento alemão desde 1980.

Além de assumir a posição no WCRE, Mauro Passos participa da 1ª Conferência Internacional sobre Armazenamento de Energia Renovável, que inicia hoje em Gelsenkirchen. Lá visitará a experiência inédita de armazenamento de energia solar numa antiga mina de carvão. Esta é uma das muitas experiências em curso na Europa, onde só em pesquisa para novas fontes de energia serão investidos 150 bilhões de dólares até o ano de 2010.

Para Passos, a Alemanha tem um grande interesse em trocar informações neste campo com o Brasil, devido ao vasto potencial para novas energias que o país possui. Na área solar, por exemplo, enquanto o a irradiação na Europa varia 400 a 2000kWh/m2 por ano, no Brasil a variação é de 4500Wh/m2 (sul) a 5900Wh/m2 (sertão nordestino).

O deputado aponta os altos custos de implantação de fontes renováveis frente a meios tradicionais como o grande entrave para um uso mais intenso. Mesmo com os avanços tecnológicos nesta área, ainda é inviável para muitas prefeituras e governos o emprego de soluções energéticas que não sejam as poluentes, como o uso do petróleo e queima de carvão."O problema ainda é a tecnologia para obter esta energia. Se esse nó for desatado estará resolvida a questão energética", avalia.

Ele lembra que infelizmente existe um impasse muito grande entre a política e a área ambiental, já que políticos esperam ter retornos em um curto espaço de tempo de quatro anos. "Não se consegue obter retornos em investimentos na área ambiental na duração de um mandato. Os resultados virão em 10 ou 15 anos", afirma Passos. Assim, hoje principalmente no Brasil se torna impossível falar-se em políticas ambientais, como mudanças na matriz energética.
(Por Paula Scheidt, Carbono Brasil, 30/10/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=15839&iTipo=6&idioma=1

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