Até o dia 20 de dezembro, as cooperativas e associações de catadores e recicladores de lixo poderão inscrever
projetos para a obtenção de crédito no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O
empréstimo é não-reembolsável, o que significa que as entidades não precisarão pagar o financiamento à
instituição. Isso porque os recursos a serem disponibilizados pelo BNDES virão do fundo social que o banco forma
com parte de seu lucro. Outra boa notícia é que não há limite orçamentário definido para essa nova linha.
Segundo o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), existem 35 mil catadores em 300
cooperativas no Brasil, que abrigam uma média de até 50 trabalhadores por unidade. Em Caxias do Sul, há nove
associações de recicladores credenciadas pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca),
englobando cerca de 300 associados. Porém, estimativas da prefeitura apontam que o número de catadores
informais seja maior.
- Há espaço para novas associações em Caxias. Ao invés dos catadores trabalharem de forma individual e na
informalidade, eles podem se reunir em cooperativas. É melhor para o município e para eles mesmos, porque
passam a ter melhor retorno e acesso a apoio financeiro e assistência social - informa o diretor-presidente da
Codeca, Adiló Angelo Didomenico.
O financiamento contemplará projetos de obras e reformas de infra-estrutura física, de assistência técnica e
capacitação de cooperadores. Mas para serem apoiadas pelo banco, as entidades precisarão atender critérios de
elegibilidade, tais como estar em atividade legalizada há pelo menos seis meses e não ter risco sanitário.
Reciclagem no Brasil
- Papel - O Brasil aparece entre os dez países com a maior taxa de reciclagem de papel do mundo (45,8% por
ano). São cerca de 3,3 milhões de toneladas de papéis recuperados anualmente.
- Plástico - Com 360 mil toneladas processadas por ano, o Brasil registra índice de reciclagem mecânica de
plástico de 16,5% ao ano, superado apenas pela Alemanha (31%) e pela Áustria (19,1%).
- Alumínio - O Brasil é líder mundial na reciclagem de latas de alumínio, com o processamento de 120 mil
toneladas/ano, equivalente a 9 bilhões de latas.
Entenda melhor
Cooperativas de catadores que coletam e comercializam diferentes materiais recicláveis, como papel, papelão,
latas de alumínio, ferro, cobre, plásticos e garrafas PET.
A nova linha poderá financiar os seguintes itens:
- Obras civis e reformas: infra-estrutura física, como galpões, coberturas para carregamento e descarregamento de
fardos, cozinha, vestiário, banheiros, salas de reunião, treinamento e informática.
- Máquinas, equipamentos, móveis e utensílios para: acondicionamento, proteção individual, triagem e
enfardamento, armazenamento e estocagem, transporte externo, cozinha, vestiário, banheiro e escritório.
- Qualificação: assistência técnica e capacitação dos cooperados.
Encaminhamento
As solicitações de apoio deverão ser encaminhadas ao BNDES por meio de Carta-Consulta enviada pelo
interessado ou por intermédio de parceiros estratégicos. O endereço é:
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES
Área de Planejamento - AP. Departamento de Prioridades - DEPRI. Av. República do Chile, 100, Protocolo, Térreo.
Cep: 20031-917 - Rio de Janeiro, RJ
Mais informações: www.bndes.gov.br
Possibilidade de amenizar os problemas
Diariamente, a Associação dos Recicladores Consolação faz a triagem de uma quantidade equivalente a seis
caminhões cheios de lixo reciclável. Criada há seis anos, a cooperativa possui 60 associados, que recebem uma
média mensal entre R$ 200 e R$ 300, dependendo das horas trabalhadas de cada um. O material, entregue pela
Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca), é selecionado, prensado e vendido.
A associação, que funciona em um galpão no bairro Jardim Teresópolis, é uma das que poderá se beneficiar com o
financiamento disponibilizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Uma das três prensas de lixo está quebrada há mais de um ano e outra, por ser muito antiga, constantemente
apresenta problemas. A presidente da associação, Elisangela de Freitas, conta que, caso conseguisse o
financiamento, a primeira providência seria consertar o equipamento quebrado, comprar outra prensa mais moderna
e terminar o muro que cerca a associação.
- Se eu fosse falar do que precisamos aqui, a lista seria bem grande - brinca Elisangela.
(
Pioneiro, 30/10/2006)