A Prefeitura de Santa Cruz do Sul está desenvolvendo um projeto-piloto para terminar com a poluição causada pelo
óleo de cozinha. O produto está sendo recolhido e será reciclado por empresa especializada.
O óleo, popularmente chamado de azeite, é uma fonte de poluição. Conforme o coordenador do Departamento do
Meio Ambiente (Dema), agrônomo Clero Luis Ghisleni, as pessoas costumam despejar o produto usado no ralo da
pia ou mesmo no solo. As duas formas são equivocadas. De acordo com ele, ao entrar na canalização, a gordura
fica “empedrada” e acaba impedindo o escoamento da água. Até mesmo na rede pluvial, nas ruas, há pontos
obstruídos. “Ele se mistura com poeira e outros detritos e fica como um sabão”, explica. Além disso, se torna uma
fonte de alimentação para baratas e ratos. Quando colocado no solo, penetra até os lençóis freáticos. Ou é levado
pela chuva à rede de esgoto e daí para os arroios.
Há dois meses, o Dema vem desenvolvendo um projeto em conjunto com as lancherias do Shopping Santa Cruz.
Os estabelecimentos armazenam o óleo usado em embalagens pet e, uma vez por mês, a Prefeitura recolhe os
vasilhames. O azeite é colocado em bombonas fechadas e fica guardado na Oficina Pesada. A cada sessenta dias,
uma empresa de Estância Velha virá buscar o estoque.
Ghisleni explica que o produto, depois de reciclado, é transformado em matéria-prima para a fabricação de sabão,
sabonete e cosméticos. Futuramente, ainda será transformado em biodiesel, como já ocorre em São Paulo.
REGRA – Segundo o técnico, essa gordura vem se revelando uma excelente matéria-prima. No entanto, a
ampla maioria coloca fora. “Ou seja, estamos perdendo um bom produto e ainda poluindo o meio-ambiente.”
Salienta que o projeto-piloto está se mostrando plenamente viável. Em breve, adianta que o Dema emitirá resolução
obrigando todas as lancherias e restaurantes a armazenarem.
Ainda explica que as indústrias de alimentos já são obrigadas a recolher o azeite. Isso faz parte das normas de
licenciamento ambiental. Como os restaurantes não precisam dessa licença, acabam descartando de forma errada.
Essa situação deve mudar com a criação de regras e o apoio da Prefeitura. Lembra que a Constituição estabelece
que a poluição é crime e que cada um é responsável pelos resíduos que produz.
Volume
De acordo com o coordenador do Dema, nos dois meses de vigência do projeto experimental, já foram recolhidos,
no shopping, entre 600 e 800 litros. Ele acredita que, em todo o município, considerando as residências, podem
estar indo fora em torno de 100 mil litros de azeite por mês. “A gente pode imaginar o mal que isso causa ao
meio-ambiente.”
Ghisleni destaca que outros estabelecimentos podem se integrar à iniciativa. Eles devem armazenar o produto em
garrafas pet e comunicar ao Dema para que seja feito o recolhimento. Inclusive, as donas casa podem participar.
No futuro, a idéia é estabelecer um dia para retirar a gordura nas residências. Originalmente, azeite é o derivado da
azeitona. Hoje, o termo pode ser usado para qualquer óleo extraído de plantas ou frutas. Ele tem vida útil. Depois
de duas ou três frituras, deve ser substituído.
(POr José Augusto Borowsky,
Gazeta do Sul, 30/10/2006)