A ExxonMobil deveria parar de financiar grupos que disseminam a idéia de que o aquecimento global é um mito e tentar influenciar os elaboradores de políticas a adotar tal ponto de vista. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (30/10) por dois senadores norte-americanos em uma carta à companhia de petróleo.
Em sua carta ao secretário-executivo da ExxonMobil e ao chefe-executivo Rex Tillerson, os senadores Olympia Snowe (Republicana do Maine) e Jay Rockefeller, (Democrata de Vancouver) apelaram para o senso de responsabilidade corporativa da Exxon, requerendo que a companhia "torne-se limpa com relação às suas atividades negligentes do passado".
Os dois senadores conclamaram a ExxonMobil a "dar fim a qualquer assistência adicional" a grupos "cuja defesa pública tem contribuído para a pequena mas desafortunada versão de que a mudança climática é um mito".
A empresa foi contactada para falar sobre a questão, mas não deu retorno.
Um estudo do Sindicato dos Cientistas informa que a ExxonMobil financiou 29 grupos que negam a mudança climática somente no ano de 2004. Desde 1990, afirma o relatório, a companhia gastou mais de US$19 milhões financiando grupos que promovem seus pontos de vista através de publicações e websites que não passam pelo crivo da comunidade científica.
Os senadores apontaram o Instituto de Empreendimentos Competitivos, um grupo formador de opinião com sede em Washington, e o website Estação Central de Tecnologia como beneficiários dos esforços da Exxon para disseminar dúvidas ao público sobre o consenso científico por trás do aquecimento global.
"Estamosconvencidos de que o suporte de longo prazo da ExxonMobil a um pequeno grupo de quadros céticos sobre a mudança climática, e o acesso desses céticos aos elaboradores de políticas governamentais têm aumentado a dificuldade de os Estados Unidos demonstrarem claramente suas necessidades ao longo de todas as facetas da diplomacia", diz a carta.
O documento afirma que os esforços da ExxonMobil para gerar confusão estão por toda parte. "Falharam miseravelmente na confusão, no convencimento e na legitimação da comunidade científica”, escrevem os senadores.
A carta é lançada ao mesmo tempo em que dezenas das grandes empresas norte-americanas, como Wal-Mart, Citigroup e General Electric, estão para se reunir, na semana que vem, em Nova Iorque, para a Conferência Corporativa de Resposta Climática. A conferência visa a prover um fórum para as companhias discutirem seus esforços no combate ao aquecimento global, um tópico que vem ganhando atenção nos Estados Unidos.
Nesta semana, o banco Morgan Stanley anunciou que irá investir US$3 billhões em emissão de créditos de carbono e em outros projetos cujo objetivo é a redução das emissões dos gases de efeito estufa nos próximos cinco anos. E, no mês passado, o investidor britânico Richard Branson comprometeu-se a gastar US$3 bilhões em dez anos – lucros de suas linhas aéreas e ferroviárias – para investir em recursos que não contribuam para o aquecimento global.
(Por Clayton Sandell, ABC News, 31/10/2006)