Países ricos aumentam emissão de gases do efeito estufa
2006-10-31
Um levantamento divulgado na segunda-feira pela Agência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (UNFCCC, sigla em inglês) diz que a emissão de gases que causam o efeito estufa aumentou 2,4% entre 2000 e 2004 nos países industrializados, apesar do compromisso das nações mais ricas do planeta com as metas do Protocolo de Kyoto.
Nos 41 países pesquisados, as emissões passaram de cerca de 17,5 bilhões de toneladas para 17,9 bilhões de toneladas de gases. Se forem considerados apenas os 35 países que têm metas de redução de emissões definidas no Protocolo de Kyoto, o aumento foi de 2,9%.
"Isto significa que os países industrializados precisam intensificar seus esforços para implementar políticas que reduzam as emissões de gases", disse o secretário-executivo da agência, Yvo de Boer.
Os dados não dizem respeito ao Brasil, já que o país - como outros países em desenvolvimento - não está obrigado a reduzir suas emissões de acordo com o previsto no Protocolo.
Metas de Kyoto
O Protocolo de Kyoto foi criado em 1997 para atenuar o aquecimento global e impor restrições às emissões de gases que causam o chamado efeito estufa.
Mais de 140 países assinaram o tratado, mas as metas de redução de emissões abrangem apenas 35 nações industrializadas.
EMISSÕES DE GASES (1990-2004) Variação e volume em 2004
EUA: +15,8% (7 bi ton)
Japão: +6,5% (1,4 bi ton)
Canadá: +26,6% (758 mi ton)
Itália: +12,1% (582 mi ton)
Austrália: +25,1% (529 mi ton)
Espanha: +49% (428 mi ton)
UE.: -0,6% (4,2 bi ton)
Rússia: -32% (2 bi ton)
Alemanha: -17,2% (1 bi ton)
Grã-Bretanha: -14,3% (665 mi ton)
França: -0,8% (560 mi ton)
Fonte: UNFCCC
Em média, elas têm de chegar ao período de 2008 a 2012 com um nível de emissões 5% mais baixo que o de 1990.
Por ora, esse objetivo vem sendo atingido: as emissões totais das 35 nações que assinaram o Protocolo de Kyoto caíram 15,3% entre 1990 e 2004, revelou a UNFCCC.
Mas De Boer destacou que este resultado se deve em grande parte a um efeito extraordinário – o desmembramento do antigo bloco comunista, que levou a uma desorganização nas indústrias dos países do Leste.
Sozinhos, os países do Centro e do Leste Europeu foram responsáveis por uma redução de 36,8% nas reduções do período.
No entanto, excluindo-se esses países, as emissões subiram 11% e atingiram 14,5 bilhões de toneladas de gases, alertou o relatório.
No longo prazo, a UNFCCC teme que a tendência à maior emissão de gases estufa reverta os avanços que alguns países têm registrado nas suas metas.
Urgência
Entre eles, o caso mais preocupante é o dos Estados Unidos, cujas emissões cresceram 15,8% entre 1990 e 2004, atingindo 7 bilhões de toneladas.
Em 2001, o governo do presidente George W. Bush anunciou que não obedeceria às metas do Protocolo de Kyoto.
Dos países desenvolvidos, a Alemanha e o Reino Unido têm demonstrado mais compromisso com as metas de redução de emissões. Entre 1990 e 2004, esse volume caiu 17,2% e 14,3%, respectivamente, e continuou caindo no período entre 2000 e 2004.
"Desde sua entrada em vigor, em 2005, o Protocolo de Kyoto está agora firmemente implantado, e orienta os países industrializados em seus esforços para encontrar e aplicar políticas para alcançar os objetivos do tratado", disse De Boer.
Ele destacou a "urgência" de se investir em tecnologias ecologicamente corretas no setor de transporte, em que as emissões cresceram nada menos que 23,9% ente 1990 e 2004. "Necessitamos urgentemente de novas medidas mundiais na questão da mudança climática para atrairmos investimentos significativos para as tecnologias limpas", ele disse.
(BBC, 30/10/2006)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/10/061030_un_kyoto_pu.shtml