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2006-10-31
O governo brasileiro anunciou uma nova redução da taxa de desmatamento na Amazônia, mas é muito importante agora dar condições de governança para que a queda seja sustentável. Para a organização não governamental WWF Brasil, isso só poderá acontecer se houver metas claras para a redução contínua do desmatamento, mais recursos para o plano de combate ao desmatamento, linhas de crédito para manejo florestal e um sistema de licenciamento integrado entre os estados.

Os números estimam que 13 mil quilômetros quadrados foram devastados na região amazônica no período entre agosto de 2005 e agosto de 2006. O índice, calculado pelo sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), representa um declínio de 30% na destruição da floresta em comparação com o mesmo período de 2004 a 2005.

A WWF-Brasil acredita que as reduções atuais são resultantes de várias iniciativas pontuais e conjunturais como a valorização do real frente ao dólar, a queda nos preços da soja e da carne no mercado internacional, nos últimos dois anos, e a criação do plano de combate ao desmatamento. "Não podemos continuar reféns de conjunturas e ações pontuais para conservar a floresta Amazônica. Precisamos imediatamente fortalecer o plano de combate ao desmatamento", afirma Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.

A redução da taxa de desmatamento na Amazônia influi diretamente nas mudanças climáticas. Cerca de 75% das emissões brasileiras de gases causadores do efeito estufa são provenientes das queimadas feitas para desmatar. Quando esse índice é levado em conta, o Brasil se torna o quarto país no ranking dos vilões do aquecimento global. A proposta de redução compensada de desmatamento que o Brasil irá levar para a 12ª Conferência das Partes sobre Clima, em Nairóbi (Quênia), no próximo mês, mostra a vontade brasileira em contribuir para que o planeta não sofra tanto com as mudanças climáticas. O número atual significa a segunda menor taxa anual registrada desde 1988, quando o Inpe começou a monitorar a perda de cobertura florestal da Amazônia.

Para o Greenpeace Brasil, sem dúvida, trata-se de uma boa notícia já que esse é o segundo ano consecutivo de redução na taxa de desmatamento, o que mostra que medidas de governança - como criação de áreas protegidas e operações de fiscalização no campo - estão fazendo efeito. Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace, afirma que a queda é importante, "mas só poderemos celebrar quando os fatores estruturais que levam ao desmatamento - como o agronegócio voltado para a exportação - derem lugar a um modelo de desenvolvimento baseado na floresta em pé, no uso responsável dos produtos florestais e na conservação deste que é o maior patrimônio ambiental dos brasileiros".
(Adital, 30/10/2006)

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