Especialistas em segurança da British Petroleum advertiram seus chefes do potencial de um “incidente de maiores proporções” dois anos e meio antes de uma explosão da companhia na refinaria do Texas, a qual matou 15 pessoas, segundo um relatório divulgado no final da semana passada.
O programa 60 Minutos, da CBS, também relatou, no Domingo (29/10), que o diretor da refinaria da cidade do Texas, Don Parus, disse aos seus chefes, na sede da BP, em Londres, que a maioria dos trabalhadores da planta estavam em condições inseguras.
Segundo a CBS, um trabalhador escreveru que "Este local está acionado para uma falha catastrófica”.
O alto executivo da refinaria da BP, John Manzoni, disse, sob juramento, que ele não sabia das sérias preocupações de segurança até a explosão. “Eles não fizeram muito”, disse Brent Coon, advogado representante de várias vítimas que estão processando a BP. "Dois meses mais tarde, a planta explodiu".
Outras 170 pessoas ficaram feridas na explosão a cerca de 65 quilômetros a sudeste de Houston. A explosão ocorreu quando sensores de falha não advertiram sobre a conjunção de vapores perto de uma unidade de isomerização, o que espalhou o nível de octano na gasolina. Os vapores entraram em ignição quando a unidade foi acionada.
O Comitê de Investigação de Segurança e Riscos Químicos, uma das várias agências que investigou a explosão, concluiu que a unidade tinha um histórico de problemas e não estava ligada a um sistema de flare que queima vapor e que poderia ter prevenido ou minimizado o acidente.
Coon disse que ele irá argüir, na Corte, que, devido a falhas na atualização dos flares, ou ao uso de velhos flares, a companhia colocou vidas em risco.
Muitos familiares de vítimas chegaram a acordos, mas Eva Rowe disse que quer que a BP vá a julgamento, pois assim muitos aspectos do caso irão se tornar públicos. Os pais de Rowe, James e Linda Rowe, morreram.
"Para a BP, meus pais eram apenas um número", disse Rowe, em entrevista no programa 60 Minutos. "Para eles, [meus pais] são substituíveis. Para mim, eles não eram somente um número. Eram alguém."
O caso de Rowe contra a PB está agendado para ir a julgamento na semana que vem em Galveston. Oficiais da BP referiram-se ao programa "60 Minutos" sobre a explosão, o qual concluiu que “não havia evidências de ninguém conscientemente ou intencionalmente adotando ações ou decisões que colocassem os outros em risco". A companhia também enviou uma carta dizendo que, "a BP aceita a responsabilidade pela explosão e pelo incêndio na refinaria do Texas. Estamos profundamente tistes pelo que ocorreu”.
O chefe de governo dos oficiais que investigaram as explosões disse que era possível prevenir o acidente. "Os problemas que existiam na BP da cidade do Texas não eram nem momentâneos nem superficiais. Eles eram profundamente relacionados a operações que negaram e ficaram cegas para o risco que não foi dirigido a ninguém na organização”, disse Carolyn Merritt, nomeada pelo presidente George W. Bush para liderar o Comitê Norte-americano de Segurança Química, o qual realizou uma investigação de 18 meses sobre o que ocorreu na cidade do Texas. Ela disse que três peças de equipamentos deveria ter sido reparadas, mas não foram e que a gerência da BP sabia sobre as falhas nos equipamentos antes de autorizar o início de operações de risco na planta.
A refinaria necessitou de melhorias quando a BP a adquiriu, oito anos atrás, mas gerentes da BP, ao invés de fazer as melhorias, cortaram orçamento, disse Merritt. Esses cortes resultaram em perda de pessoal chave e em equipamentos, afirmou.
"Nossa investigação mostrou que houve um erro dramático", disse Merritt. Antes da explosão, a BP aumentou gastos na planta, mas Parus disse que eles eram insuficientes e tardios.
(
Canadian Press, 29/10/2006)