Queda da taxa de desmatamento não é resultado da retração agropecuária, afirma Ibama
2006-10-30
O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel da Rocha, rebateu o argumento de que a queda de 30% no desmatamento deve-se à retração na economia agropecuária. Ele sustenta que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE detectou aumento da área plantada de lavoura temporária (soja, milho, feijão) na Amazônia, entre 2003-2005.
Apenas no Mato Grosso,a área plantada passou de 64 mil para 87 mil quilômetros quadrados, naquele período. Ele conclui que a queda no preço dos commodities no mercado internacional como no caso da soja não tem efeitos imediatos sobre a extensão da área plantada. Só não houve expansão de área plantada no Acre, Amazonas e Maranhão.
Montiel ressaltou que as operações de controle e fiscalização coordenadas pelo Ibama em parceria com outros órgãos federais como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e órgãos estaduais – como as polícias militares e ambientais e secretarias de meio ambiente - tornaram-se mais eficientes. O planejamento e a execução das fiscalizações foram aperfeiçoados com o uso simultâneo dos sistemas Prodes e Deter.
“Os dados do Prodes, que define a taxa anual de desmatamento, do período 2004-2005 foram usados durante a reunião de planejamento das operações de fiscalização realizada no mês de março em Cuiabá. Os números do Deter, repassados a cada dez dias para o Ibama, servem como indicativos de desmatamento e podem determinar mudanças no rumo da execução das operações”, revela Montiel.
A partir da análise dos dados do Prodes, o Ibama elaborou um ranking dos 40 municípios da Amazônia Legal que mais desmataram no período 2003-2005. Essas áreas consideradas críticas se tornaram alvos prioritários das medidas emergenciais de combate ao desmatamento ilegal durante 2006. “A comparação dessas áreas com os dados indicativos de desmatamento do Deter 2005-2006 mostra a coerência e a objetividade do planejamento e da concentração das ações do Ibama nesses municípios”, reforça Montiel.
Outros fatores importantes na redução do desmatamento, segundo o diretor, foi a criação de mais de 19 milhões de hectares de novas unidades de conservação em áreas de conflito e o ordenamento fundiário. “A expectativa de titulação de terras públicas griladas foi por terra abaixo, uma vez que unidades de conservação federais passam a ser definitivamente terras da União.” Com as novas UCs e a Portaria 010/40 do Incra foi desferido um duro golpe na ação da grilagem de terras na Amazônia.
O diretor ainda menciona a participação efetiva dos servidores do Ibama e das instituições parceiras, que têm atuado na linha de frente do combate ao desmatamento. “Nesta semana de homenagem aos servidores públicos – no dia 28/10, comemora-se o Dia do Servidor Público - não podemos deixar de mencionar o esforço e a dedicação dos que enfrentam o desafio do trabalho de campo”, conclui.
(Por Kézia Macedo, Ibama, 27/10/2006)
http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=4623