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2006-10-30
Desde a queda do Muro de Berlim, os aliados ocidentais perguntam: “O que substituirá a ameaça do comunismo como a base que sustenta a aliança do Atlântico? Alguns citaram o terrorismo, porém eu não concordo. Penso que meus amigos alemães tiveram a melhor suposição: o que irá e deve unir o Ocidente é a questão da energia e de todos os seus desafios”.

Afinal, nada é mais ameaçador hoje para a qualidade e o modo de vida ocidental do que a combinação de as mudanças climáticas, a poluição, a extinção das espécies, o radicalismo islâmico e o petro-autoritarismo – tudo isso abastecido por nosso vício em energia. E nenhuma solução é possível para tais problemas sem ações centralizadas dos governos para reduzir as emissões, inspirar inovações ao verde e ao meio-ambiente e para mudar do petróleo para fontes renováveis de energia.

Além disso, o verde não é apenas o novo vermelho, branco e azul – o próximo projeto de segurança nacional – ele também deveria ser a cor, foco, e base da aliança do Atlântico no século XXI. Como um oficial alemão observou, “toda a questão possui o potencial de se tornar um grande projeto trans-Atlântico no momento em que nós não temos nenhum outro grande projeto que expresse uma visão”.

A mescla dos desafios ambiental e energético que nós enfrentamos hoje são tão sérios que eles não podem mais ser dirigidos a “indivíduos virtuosos saindo de um ônibus ao invés de um carro”, afirmou Jonathan Freedland, colunista do jornal britânico The Guardian. “É um trabalho para o governo”.

O ministro de Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, recentemente deu diretrizes de como “a segurança energética irá influenciar fortemente a agenda de segurança global do século XXI”. E a ministra de Relações Exteriores britânica, Margaret Beckett, apenas fez um discurso declarando que a mudança climática “não é um problema apenas ambiental. É um problema de defesa. É um problema para aqueles que lidam com economia, desenvolvimento, prevenção de conflitos, agricultura, finanças, habitação, transportes, inovação, comércio e saúde”.

O fato é que os ministros de Relações Exteriores estão fazendo suas sugestões de agendas de que a energia irá logo mudar para o coração da agenda da aliança. Como Freedland coloca, “se a mudança climática é problema de política externa, a política externa com certeza pode fazer parte da solução para o problema da mudança climática”. No entanto, para o que o chamo de “neo-verdismo” – pensar sobre o verde em termos estratégicos – se tornar o novo eixo da aliança, o verdes europeus terão de se tornar mais “geográficos” e o governo americano mais “verde”.

Os partidos verdes europeus tenderam a empacotar seu ambientalismo em um tom bastante vigilante que era sempre mais moralizante do que estratégico. Por exemplo, os ambientalistas europeus lideraram a campanha global contra sementes geneticamente modificadas, que serão muito importantes se nós queremos desenvolver combustíveis – do etanol do milho ao biodiesel da soja. Os ambientalistas da Alemanha também forçaram o governo anterior a concordar em acabar gradualmente com as estações de energia nuclear em 2021. Isso significaria a desinstalação de 30% da capacidade de energia da Alemanha. Seria ótimo se tudo fosse substituído por energia eólica ou solar, porém mais provavelmente ela será substituída por carvão.

Juergen Hogrefe, que era porta-voz do Partido Verde na região da Saxônia, Alemanha, nos anos 1980, é atualmente executivo da EnBW, uma empresa energia alemã com estações nucleares. “O Partido Verde tem sido extremamente importante para a sociedade alemã”, afirmou ele, ajudando a transformar a sociedade pós-nazista em um domínio mais liberal. Porém uma postura antinuclear tem sido o eixo central do partido, e agora que a maioria do povo alemão abraçou a agenda “verde”, os ambientalistas precisam repensar a energia nuclear. “O Partido Verde deveria se redefinir”, acrescentou Hogrefe. “Em algumas áreas eles são um partido muito moderno, porém, quanto à energia nuclear e ecologia eles são teimosos e não abertos o suficiente para ver o que está acontecendo no mundo”.

Um dos motivos para o presidente Bush ter fracassado ao tentar se tornar o líder do Ocidente é porque ele fracassou ao liderar os ambientalistas, que se tornaram importantes para todos os aliados. Eu duvido que o presidente redefina sua política nos últimos dois anos de mandato, porém as questões acerca da mudança climática e a conservação de energia atualmente estão crescendo de modo tão rápido que é impossível imaginar que seu sucessor na presidência dos EUA não o faça – seja ele quem for. E uma vez que isso aconteça, é impossível imaginar que o verde não se torne a liga da nova aliança do Atlântico.

Ou como Hermann Ott, chefe do escritório de Berlim do Instituto Wuppertal para Estudos do Clima, Meio-Ambiente e Energia, observou “Nós não precisamos de estranhos para unir nosso mundo, temos um problema bem no centro dele”, agora – e a solução é verde.
(Por Thomas Friedman, The New York Times, 27/10/2006)
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