Palmares do Sul tenta entrar na corrida eólica
2006-10-30
O prefeito João Tadeu (PTB), de Palmares do Sul, entregou pessoalmente à ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma carta pedindo ajuda para que seu município seja autorizado a produzir energia eólica dentro do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Para Tadeu, que decidiu entrar em campo para ajudar os empreendedores da Ventos do Sul Energia, “está faltando só um canetaço lá em Brasília”.
O prefeito do município de 13 mil habitantes situado a leste de Porto
Alegre, junto à Lagoa do Casamento (na realidade, uma extensão da Lagoa dos Patos), não está longe da verdade. Próxima de concluir a implantação do Parque Eólico de Osório, com potência de 150 MW, a Ventos do Sul Energia, empresa de capital espanhol (90%), alemão (9%) e brasileiro (1%), tem autorização para instalar 7,56 MW em Palmares do Sul, mas possui um projeto para 70 MW, ou seja, 35 cata-ventos iguais aos de Osório.
A sugestão do prefeito é que a Eletrobras, coordenadora do Proinfa,
transfira para o setor eólico a capacidade instalada prevista originalmente
para o setor de biomassa. Com a entrada em operação do Parque Eólico de
Osório, a Ventos do Sul estaria cotada para receber uma autorização
especial, já que haveria maior número de projetos de produção de energia
eólica do que de energia de biomassa. Faltaria apenas contornar exigências
burocráticas, responsáveis pelo atraso do Proinfa, criado em abril de 2002
como uma das soluções para o apagão elétrico de 2001.
A expectativa das autoridades de Palmares do Sul é que a obra possa ser
iniciada em janeiro, tão logo seja inaugurada a usina de Osório. Adiantando
expediente em Palmares do Sul, a Ventos do Sul já arrendou as terras onde
será implantado o segundo parque eólico gaúcho. Será no distrito de
Bacopari, junto à faixa marinha. São apenas três proprietários da família
Azevedo.
Idêntico ao aplicado aos proprietários de terras de Osório, o contrato prevê
o pagamento de um percentual do valor da venda da energia elétrica. A
estimativa é de um ganho mínimo mensal de R$ 1.000 por catavento. Até
agora, porém, nenhum proprietário de Osório recebeu qualquer royalty. Pelo contrato, o primeiro pagamento será feito um semestre após o início das atividades. Em janeiro, portanto, receberão o primeiro quinhão os locadores dos 25 cataventos colocados em operação comercial no início de julho.
(Por Geraldo Hasse, da Série Diário dos Ventos, especial para o
AmbienteJÁ e JornalJÁ, 27/10/2006)