Há pouco mais de 15 anos, o agricultor Eloi Zanatta, 60 anos, percebeu que o solo de sua
propriedade, situada na localidade de Rio da Várzea, interior de Passo Fundo, no norte gaúcho,
precisava de uma atenção especial, que ia além da simples preparação para o plantio. Em 450
hectares, fendas com até três metros de profundidade se abriam no meio da lavoura.
Para evitar que a área se tornasse uma reunião de minicânions, o produtor passo-fundense
consultou técnicos agrícolas e deu início a um longo desafio: erradicar a erosão. Duas ações,
comuns entre agricultores que enfrentam o mesmo problema, foram adotadas: a primeira, o
plantio direto, e a segunda, a rotação de culturas - por meio da qual o solo permanece sempre
coberto, possibilitando uma melhor absorção dos recursos hídricos. O pesquisador da Embrapa
José Eloir Denardin afirma que intercalar a soja com culturas como milho, sorgo, aveia e
outras gramíneas é fundamental para combater a erosão.
- Aqui no Rio Grande do Sul poderíamos ter até três safras por ano, produzindo muita palha,
muita raiz e muito dinheiro - diz.
Na propriedade de Zanatta, se por um lado a quimera de ver a terra sem rachaduras não foi
plenamente alcançada, por outro o agricultor pode se orgulhar de ter diminuído os efeitos da
erosão em quase 95% da área onde é cultivado soja, milho e trigo. Uma terceira ação, que
exigiu um trabalho quase artesanal, também contribuiu decisivamente para isso:
- Fui tapando buraco por buraco com a terra que tirava de outros locais - relata o agricultor,
que afirma ainda adotar a prática quando há necessidade.
O que fazer
> Utilizar a técnica de plantio direto, que reduz em 95% a perda de solo.
> Associar ao plantio direto ao terraceamento na lavoura. Os terraços ajudam a diminuir a
velocidade da água e a perda de nutriente na lavoura e podem ficar a uma distância de até cem
metros um do outro, dependendo da inclinação.
> Fazer o plantio em nível (e não subindo e descendo o morro), de modo que cada linha sirva
como um pequeno terraço.
> Nunca deixar de realizar a rotação de culturas, intercalando a soja com variedades com
bastantes raízes e que produzam muita palha.
(Por Cleber Bortoncello,
Zero Hora, 27/10/2006)