Sema contesta declarações do Instituto Martim Pescador sobre a proporção do desastre ambiental dos Sinos
2006-10-27
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) contestou ontem (26/10) as declarações do presidente do
Instituto Martim Pescador, Henrique da Costa Prieto, sobre a proporção do desastre ambiental ocorrido no Rio
dos Sinos. Prieto afirmou que a quantidade de peixes mortos seria de 160 toneladas, quase o dobro do retirado
das águas entre os dias 9 e 13. "Não quero minimizar a gravidade do desastre, mas o número de peixes mortos
não chegou a 160 toneladas, com toda a certeza", disse o secretário Claudio Dilda.
O tempo transcorrido entre a constatação da mortandade - às 17h de sábado, dia 7 - e o início do trabalho de
retirada - na tarde de segunda-feira, dia 9 - teria possibilitado, na avaliação de Prieto, a passagem de
milhares de peixes mortos em direção ao Guaíba. "Tudo leva a crer que a mortandade tenha começado na manhã de
sábado. Imagine quantos peixes passaram pelo Passo do Carioca, onde foi feito o represamento dos mortos na
tarde de segunda", disse. Segundo ele, o pequeno tamanho dos exemplares - 70 gramas em média - teria
facilitado esse deslocamento.
Conforme o secretário Dilda, as 86 toneladas recolhidas pelos órgãos ambientais foram devidamente pesadas
antes de serem depositadas no aterro sanitário de Sapucaia do Sul. "Os peixes mortos não sofreram
deslocamento devido à pouca vazão do rio. Nós também não recebemos nenhuma denúncia de peixes boiando no
Guaíba", completou. Ontem pela manhã, a chuva fraca melhorou a qualidade da água e o nível de oxigenação
no trecho onde peixes foram encontrados agonizando na terça-feira. Dilda informou que parte dos equipamentos
utilizados para a aeração das águas foi retirada temporariamente ontem.
O delegado Leonel Baldasso, da 1ª DP de Sapucaia do Sul, deve finalizar hoje os depoimentos dos
representantes das seis empresas autuadas pela Fepam em função da mortandade. Ao meio-dia, em São Leopoldo,
estudantes de Biologia da Unisinos e entidades que atuam na defesa do meio ambiente realizam ato em favor do
Rio dos Sinos. Para alertar as autoridades e manifestar indignação com o ocorrido, eles devem bloquear a BR
116, nos dois sentidos, por cinco minutos, junto à ponte sobre o Sinos.
(Correio do Povo, 27/10/2006)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp