A Administração Municipal implanta no próximo mês projeto-piloto para tratamento do esgoto cloacal. A necessidade foi apontada no ano passado, quando foi realizado mapeamento das redes e percebida a existência de ramais que iniciam-se na zona central, 15 a 20 saídas, e acabam no Rio Taquari e no Arroio Estrela. "É esgoto cru, jogado diretamente nas águas", explica o engenheiro Carlos Alberto Persch. A intenção é instalar uma miniestação com equipamentos espalhados em diversos pontos da cidade, em especial nos mais críticos - bairros Centro, Estados, Oriental, Indústrias e Boa União -, sendo que uma unidade será colocada para teste na escadaria, no Centro.
O chefe do Departamento de Engenharia da Secretaria de Planejamento, Jefferson Hünemeier, frisa que o tratamento dos efluentes domésticos é uma preocupação da Administração desde o início da gestão. A primeira alternativa sugerida seria a construção de uma estação padrão no Bairro Cristo Rei, com custo estimado em R$ 120 por habitante. Apesar disso, o investimento seria elevado pela necessidade de bombeamento dos bairros até o local e as dificuldades seriam ainda maiores em razão do relevo do Centro. "Estamos no alto de um morro e os gastos seriam muito grandes para mandar o esgoto para a estação. É inviável", explica. Além disso, o asfalto precisaria ser arrancado para colocação dos canos, onerando ainda mais e levando prejuízos à população. "Encontramos uma saída mais barata e mais simples, sem exigência de área. Mas é um protótipo e sua eficiência será testada num período de 180 dias", completa.
Hoje não existe tratamento de esgoto na cidade, mas a prefeitura exige desde 1989 a colocação de fossa sumidoura ou filtro nas construções. Apesar disso, Hünemeier lembra que até ser implantada a medida foram 110 anos de cidade, sem qualquer exigência de tratamento. "O sistema de esgoto é secular. Estamos dando o primeiro passo. Depois de comprovada a eficiência, serão instalados em diversos pontos. Mesmo assim, pretende-se implantar uma estação padrão no futuro." Acrescenta que até lá o município também vai cobrar o tratamento do esgoto de Lajeado, que está em tratativas para instalação da estação.
Primeira unidade
O primeiro local a receber a unidade como projeto-piloto será a escadaria, ponto turístico localizado no final da Rua Júlio de Castilhos, onde a prefeitura iniciou projeto de revitalização. Foram plantadas flores e árvores, além de ser feita nova pintura. Pretende-se também instalar iluminação após solucionar o problema do mau cheiro.
Equipamentos
São unidades normalmente usadas em edifícios e serão instaladas nas pontas dos ramais. Trata-se de um reator e filtro anaeróbio com 2,8 metros de altura e dois metros de diâmetro cada tanque. O resultado pode chegar até 90%, mas os testes devem ser concluídos em três meses após a instalação, o que deve ocorrer até o final de novembro. Os equipamentos estão acomodados no parque de máquinas da prefeitura e foram fornecidos pela Bakof Tec, de Frederico Westphalen. O custo unitário é de R$ 9 mil, beneficiando cerca de 150 residências.
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Informativo do Vale, 26/10/2006)