Durante reunião da Associação Yarikayu, os índios Yudja, que habitam o Parque Indígena do Xingu, decidiram comercializar sementes para as iniciativas de reflorestamento das matas ciliares das nascentes do rio Xingu, no Mato Grosso. Essas ações vêm sendo desenvolvidas pela Campanha Y Ikatu Xingu.
A assembléia da Associação Yarikayu aconteceu na aldeia Tuba Tuba entre os dias 14 e 17 de outubro e contou com a participação das três aldeias Yudja do Parque do Xingu: Paksãba, Pequizal e Boa Vista.
Uma semana antes a Associação Yarikayu e a equipe do Programa Xingu do ISA haviam realizado uma oficina para fazer o reconhecimento das árvores com potencial para a comercialização de sementes. Cento e vinte espécies foram identificadas de acordo com o sistema classificatório dos Yudja. A lista de árvores será encaminhada à coordenação da campanha para que seja difundida e possa se somar às iniciativas em curso.
A venda das sementes para reflorestamento foi aprovada por unanimidade, diferentemente da proposta de vender sementes para projetos de uso comercial de madeira (para plantio e posterior corte), que provocou intenso debate entre os sócios. Ao final, os Yudja decidiram fazer uma experiência com as sementes para uso comercial, embora as destinadas ao reflorestamento das matas ciliares tenham prioridade.
O apoio da comunidade Yudja à Campanha Y Ikatu Xingu não pára por ai. Durante a reunião, os sócios deliberaram sobre as estratégias de fiscalização do entorno do Parque do Xingu, na região dos rios Preto, Mosquito e Jarinã, onde os Yudja já desenvolvem ações de monitoramento. O principal problema enfrentado atualmente é o lixo deixado por pescadores.
Em recente viagem à Suíça, a convite do Museu de Basel, os Yudja articularam a possibilidade de conseguir apoio às suas ações de fiscalização, somando-se aos esforços já feitos pela Associação Terra Indígena Xingu (Atix) e pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
A reunião também foi importante para que os Yudja pudessem debater e encaminhar propostas nas áreas de saúde, educação, manejo e revitalização cultural.
(
Instituto Socioambiental, 24/10/2006)