Risco de contaminação é maior na zona rural
2006-10-26
A falta de fiscalização dos municípios sobre a qualidade da água fornecida pelas concessionárias coloca em risco especialmente as comunidades rurais mais afastadas das cidades. "Há um controle maior sobre a água fornecida nos centros urbanos, mas há populações rurais que se abastecem de águas de poços e pequenos mananciais, onde ninguém sabe qual é a qualidade", explicou o professor Paulo Belli Filho, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC. "Essas pessoas estariam expostas ao consumo de nitrato, por exemplo, um elemento presente na água que pode ser letal", alerta o professor. O nitrato é resultado do uso de fertilizantes.
A preocupação foi reforçada após o Ministério Público de Santa Catarina constatar, em relatório divulgado terça, que 113 cidades catarinenses não fiscalizam a qualidade da água fornecida pelas concessionárias.
A portaria 518/2004, do Ministério da Saúde, define as regras para o controle da qualidade da água. "Essa legislação se tornou um marco, mas as estações de tratamento de água e o poder público precisam se adequar, com capacitação de pessoal e aquisição de equipamentos", argumenta o professor. Medidas individuais podem ser insuficientes para eliminar riscos de contaminação. "Ferver a água elimina os micróbios causadores de doenças, mas não elementos químicos como o nitrato", diz Belli.
Diagnóstico vai ser atualizado
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) deve atualizar os dados do diagnóstico que avaliou se os municípios estavam ou não em conformidade com a vigilância da qualidade da água. Segundo o coordenador-geral do Centro de Apoio Operacional do Consumidor (CCO), procurador Antenor Chinato Ribeiro, os municípios continuam encaminhado informações. "Acredito que, pela divulgação do relatório, alguns prefeitos se apressaram em responder ao questionário."
O atraso no envio de informações levou a maior cidade do Estado, por exemplo, a ser incluída no roll dos municípios que não fiscalizam a qualidade da água distribuída e analisada pela Companhia Águas de Joinville. A coordenadora da Vigilância Sanitária de Joinville, Jeani Regina Vieira, explica que, desde julho, o órgão faz coleta de água em 27 pontos diferentes da cidade (duas amostras por pontos), que é encaminhada ao Laboratório Central do Estado (Lacen).
(A Notícia, 26/10/2006)
http://an.uol.com.br/2006/out/26/0ger.jsp