A pior mortandade de peixes da história do Rio dos Sinos, ocorrida há 19 dias na foz do
Arroio Portão, pode ter sido até duas vezes mais destrutiva do que se imaginava. Levantamento
do Instituto Martim Pescador, ligado à preservação da bacia hidrográfica, revela que a
poluição vitimou 160 toneladas de pescado. Seriam pelo menos 2 milhões de animais.
A estimativa inicial, de 86 toneladas, incluía só os peixes mortos removidos do rio. A
operação de retirada, feita com auxílio de bóias, começou na tarde do dia 9, mas os primeiros
animais apareceram na manhã do dia 7, um sábado. Toneladas de peixe apodreceram no rio.
- Durante dois dias e meio, os cardumes mortos que desceram rumo ao Guaíba não foram
removidos - conta o presidente do Martim Pescador, Henrique Prieto.
A estimativa é reforçada pelo professor José Fernando Mendes, especialista em estatística e
matemática aplicada ao ambiente:
- Com base no peso médio das espécies, chegamos ao número de 2,4 milhões de peixes mortos.
O apodrecimento de toneladas de carne, associado à baixa no nível do rio, diminuiu a
quantidade de oxigênio. Para evitar uma nova mortandade, a Fundação Estadual de Proteção
Ambiental (Fepam) instala há dois dias equipamentos capazes de auxiliar a respiração dos
peixes. No limite entre Esteio e Sapucaia do Sul, a medida subiu o teor de oxigênio de 0,3
mg/l para 2,2 mg/l. O ideal seria um índice de 6 mg/l.
O diretor-técnico da Fepam, Jackson Müller, explica por que a retirada dos cardumes mortos
demorou:
- Só decidimos remover os peixes na manhã da segunda-feira (dia 9), pois não imaginávamos a
extensão do desastre. O apodrecimento no rio prejudicou a oxigenação, mas não acreditamos que
tenham escapado tantos peixes assim - diz Müller.
Ontem (25/10), a Fepam bloqueou o lançamento no Sinos de água usada em uma lavoura de arroz
de Nova Santa Rita. O proprietário será notificado e autuado. O bombeamento de água nas
bacias do Sinos e do Gravataí está suspenso por dois dias.
(Por Rodrigo Cavalheiro,
Zero
Hora, 26/10/2006)