Há seis meses moscas, mau cheiro e mosquitos passaram a tomar conta das residências e estabelecimentos comerciais localizados no Bairro Jardim Aeroporto, em Campo Grande. A instalação de uma empresa de reciclagem na região está sendo apontada pelos moradores como causa principal do surgimento de variados tipos de insetos. O comerciante João Antônio Filho, 72 anos, que reside com sua esposa na casa situada aos fundos da empresa, afirma que as moscas afugentaram não só os clientes de seu bar, como têm impedido as pessoas de realizarem suas refeições. "É impossível até comer porque as moscas ficam em cima", enfatizou João.

Enquanto a reportagem do jornal Correio do Estado ouvia a reivindicação dos moradores um homem identificando-se apenas por Clever disse que o "nome da empresa é BM Recicleo" e que teriam todos os documentos assegurando o funcionamento do serviço, inclusive a licença ambiental, mas não os apresentou. Informação esta que foi confirmada, por telefone, por uma pessoa que se identificou como Onivaldo Espíndola, dizendo ser o proprietário.

No entanto, a assessoria de imprensa da prefeitura constatou, através da Secretaria Municipal de Receita, que no endereço Rua Wanderley Pavão, nº 245, onde acontece a reciclagem, não há nenhuma empresa registrada no cadastro econômico do município. O órgão informou que deve encaminhar ainda hoje um fiscal até o local e, caso sejam constatadas irregularidades, a empresa sofrerá sanções podendo até ser interditada.

Os moradores chegaram a registrar denúncia no Ministério Público Estadual (MPE) e na Prefeitura de Campo Grande há um mês, mas não obtiveram resposta. "Decidimos protocolar a denúncia porque já havíamos conversado com as pessoas que trabalham no local e eles apenas disseram que estavam trabalhando com tudo regular", disse Maria Romero, que reside na Rua Morro do Pilar, situada na lateral da empresa.

Já a comerciante Sandra Lúcia Soares, que possui um estabelecimento na esquina da empresa, ressaltou que os clientes também sumiram por conta das moscas e mosquitos que apareceram no local. "Nem tomar um refrigerante as pessoas podem porque as moscas caem no copo", disse.
(Por Karine Cortez, Correio do Estado, 25/10/2006)
http://www.correiodoestado.com.br/exibir.asp?chave=140424,1,5,25-10-2006