Consumo excede em 25% recursos do planeta
2006-10-25
O ser humano consome os recursos naturais numa velocidade 25% maior do que a natureza é capaz de se regenerar, indica um estudo divulgado hoje pela ONG Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
O relatório chama-se “Planeta Vivo 2006”, mas o panorama que apresenta é devastador. Se o estilo de vida praticado atualmente se mantiver e não mudar para um formato sustentável, os sistemas naturais entrarão em colapso no meio do século.
A “pegada ecológica”, metáfora para nosso impacto no planeta, está grande demais. O tamanho médio é de 2,2 hectares per capita. Esse número representa a área, terrestre e aquática, biologicamente produtiva, necessária para fornecer a uma única pessoa comida, fibra, madeira, terreno para construção e terra para absorver o carbono emitido pela queima de combustíveis fósseis, como o petróleo.
Com o planeta consegue regenerar apenas 1,8 hectare a cada ano, a humanidade precisa mudar a forma de consumir os recursos, diz a WWF.
A pegada mais pesada de todas é a do americano: 9,6 hectares por pessoa, por causa especialmente da demanda por combustíveis fósseis e do padrão alto de consumo.
Já a pegada ecológica do brasileiro é muito menor: 2,1, graças à matriz energética mais limpa, com participação de hidrelétricas e biocombustíveis. Mas está acima da média dos países com economias em transição, de 1,9 hectare, devido à conversão de florestas para plantações.
“Os Estados Unidos são um elefante, nós somos um homem de 1,70 metro e 80 quilos: estamos um pouquinho gordos, mas conseguimos emagrecer com medidas relativamente simples, como a criação de metas para frear o desmatamento”, diz Leonardo Lacerda, do WWF-Brasil.
A perda é rápida: cerca de 30% dos ecossistemas foram degradados desde a década de 1970. Segundo um dos autores, o pesquisador Jonathan Loh, da Sociedade Zoológica de Londres, não há precedentes de uma perda tão rápida na história do homem. “Nos trópicos, a queda é ainda mais dramática, à medida que os recursos naturais são explorados de forma intensiva.”
O grupo usou a perda de biodiversidade, em especial de animais vertebrados, como modelo de devastação: de 1.313 espécies, a população de 30% delas caiu drasticamente em 30 anos. Aqueles que vivem em zonas tropicais, incluindo mamíferos, répteis e aves, foram os mais atingidos. Em média, sua população caiu 55%, enquanto a de animais das zonas temperadas se manteve estável.
(Por Cristina Amorim, O Estado de S. Paulo, 24/10/2006)
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