Experiência busca efeito de raios cósmicos no clima
2006-10-24
Um novo experimento, batizado de "Cloud" ("nuvem", em inglês) entrou em atividade no final de
semana, para investigar a influência de raios cósmicos nas nuvens e no clima da Terra. O detector,
um protótipo baseado na Organização Européia de Pesquisa Nuclear (CERN), representa a primeira
tentativa de usar física de altas energias em ciência climática e atmosférica.
O Cloud foi projetado para explorar as interações entre raios cósmicos e nuvens. Esses raios são
partículas dotadas de carga elétrica que bombardeiam a Terra, vindas do espaço, e se chocam com os
componentes da atmosfera terrestre.
Estudos sugerem que os raios podem influenciar o clima, por meio da formação de novos aerossóis -
como são chamadas as partículas suspensas no ar, e que servem como sementes para o surgimento de
nuvens. Mudanças de poucos pontos porcentuais na quantidade de nuvens podem ter um peso enorme em
alterações climáticas.
Compreender a física da situação em condições controladas de laboratório é importante para desvendar
a ligação entre nuvens e raios cósmicos. O Cloud tentará reproduzir as interações que ocorrem na
atmosfera, enviando um feixe de partículas - "raios cósmicos" artificiais - do Próton Síncrotron do
CERN, em uma câmara de reação. O efeito dos raios na produção de aerossóis será registrado e
analisado.
O estudo é uma colaboração entre 18 institutos e nove países da Europa, EUA e Rússia. Os primeiros
resultados do protótipo devem sair em 2007. O experimento completo, que incluirá uma câmara capaz
de recriar as condições de qualquer ponto da atmosfera, deverá gerar seus primeiros dados em 2010.
(Estadão, 23/10/2006)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/out/23/314.htm