Mudanças climáticas geram "refugiados ambientais", diz estudo
2006-10-24
A falta crônica de água causada pelas mudanças climáticas pode forçar milhões de pessoas a se tornarem "refugiados ambientais", alerta a organização britânica de caridade "Tearfund", em documento publicado sexta-feira (20/10).
Às vésperas da conferência das Nações Unidas sobre o clima, prevista para 6 a 17 de novembro, em Nairóbi, a ONG pede um acordo para reforçar as metas do protocolo de Kyoto e pede aos países ricos que ajudem financeiramente os mais pobres a se adaptarem às mudanças climáticas, priorizando a água.
No estudo, intitulado de "Feeling The Heat" (sentindo o calor), a "Tearfund" afirma que 25 milhões de pessoas já foram forçadas a emigrar por causa de problemas ambientais e prevê que o número deve aumentar para 200 milhões em 50 anos.
A seca extrema afeta, atualmente, cerca de 2% do planeta. Segundo o estudo, esse percentual aumentará para 10% nas próximas cinco décadas.
Propostas
A organização ilustra suas propostas com exemplos de movimentos populacionais causados pelas condições climáticas: 20% dos brasileiros originários do nordeste árido emigram para outras regiões. Na China, três províncias são ameaçadas pela extensão do deserto de Gobi. Na Nigéria, a cada ano, dois mil quilômetros quadrados de terras se transformam em áreas desérticas.
Embora os países ricos tenham prometido 240 milhões de libras (US$ 452 milhões) por ano em ajuda, segundo a "Tearfund", estes países destinaram muito menos à causa. Segundo a ONG, eles devem agir "com urgência" a fim de impedir que haja "outros milhões de pessoas famintas, sedentas ou doentes até o fim do século".
"Um dos impactos mais devastadores das mudanças climáticas ocorrem nas reservas de água", afirma o diretor jurídico da "Tearfund", Andy Atkins. "Em algumas partes do mundo, as cheias, as tempestades e a pouca quantidade de chuvas começam a ter efeitos catastróficos, ameaçando as vidas e o sustento de milhões de pessoas", acrescenta.
(Folha de S. Paulo, 23/10/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u15413.shtml