Brasil terá usina de ondas em 2007
2006-10-24
A Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) da UFRJ apresentou sua mais recente inovação: o protótipo da primeira usina de ondas da América do Sul, que será instalada no início de 2007 no Porto de Pecém, a 60 quilômetros de Fortaleza.
A apresentação aconteceu sábado e ontem no tanque oceânico da Coppe, o maior do mundo. O pesquisador responsável, Paulo Roberto da Costa, contou que a usina terá capacidade de gerar 500 KW de energia e abastecerá 200 residências.
- O Brasil apresenta condições propícias para obter vantagens com esse tipo de energia abundante, renovável e não Poluente - observa o pesquisador.
A usina de ondas opera com flutuadores acoplados a estruturas em forma de viga, chamados também de "braços". Por meio de movimentos alternados, "surtam" a onda e acionam bombas hidráulicas instaladas na própria viga. As bombas injetam água na câmara hiperbárica, cuja função é pressurizar a água. Com os jatos liberados, uma turbina é acionada. Ligada a um gerador, produz eletricidade.
Na demonstração feita no tanque, os visitantes puderam ver ventiladores, lâmpadas e televisores funcionando com a energia gerada.
- A capacidade gerada aqui foi de 5OKW, capaz de abastecer uma pequena fábrica. Trabalhamos com a proporção de um pra seis da original- esclareceu.
De acordo com o pesquisador, o custo de implementação da usina de ondas está próximo ao da energia eólica e um pouco acima da hidrelétrica. - Esperamos que a geração de energia elétrica por ondas do mar se tome mais barata que a hidrelétrica à medida que a tecnologia amadureça - pondera.
A principal inovação do projeto da Coppe está no uso da câmara hiperbárica, que simula ambientes marinhos de alta pressão, capaz de produzir jatos de água equivalentes a uma queda de 500 metros de altura, superior a de uma usina hidrelétrica convencional.
A primeira usina de ondas foi instalada na Noruega, em 1975 e funcionou por 10 anos. Hoje a tecnologia existe em Portugal, Espanha, Canadá, China, Índia e Japão.
O projeto foi financiado pela Eletrobras e o governo do Ceará. Os pesquisadores da Coppe deverão acompanhar a instalação da usina por um período de dois anos.
- A fase de monitoramento será fundamental para aprovação do projeto, embora tenhamos certeza de que esse tipo de energia é um investimento para o mundo -explica Costa. A Coppe também está trabalhando no levantamento da capacidade de geração de energia de toda a costa brasileira. -Se todo o potencial energético dos oceanos fosse aproveitado, seria possível atender à demanda de todo o planeta.
A demonstração do protótipo da usina de ondas foi parte da Semana de Ciência e Tecnologia, que terminou neste domingo (22/10).
(Por Paula Moraes, Jornal do Brasil, 23/10/2006)
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