Pontes evitam mortes de bugios em Porto Alegre
2006-10-24
Buscando preservar a vida selvagem dos bugios-ruivos (Alouatta guariba clamitans) que habitam na Zona Sul de
Porto Alegre, a ONG Macacos Urbanos já instalou oito passarelas sobre as redes de fiação da CEEE. O objetivo
é evitar que os animais acabem feridos por descargas elétricas quando retornam a fragmentos de mata
existentes na região. Além disso, as pontes de cordas evitam atropelamentos e ataques de cães aos primatas.
Ao todo, as pontes instaladas em diferentes pontos do bairro Lami chegam a 120 metros de cumprimento.
Ao tentar utilizar os fios, normalmente os bugios morrem ou perdem membros e a cauda. Os animais sobreviventes
não conseguem integrar-se novamente à vida selvagem. Outras esoécies também são vítimas da fiação, como aves
de grande porte, tipo o tarrã (Chauna torquara) e o corujão-de-orelha (Rhinopynyx clamator).
A iniciativa decorre de uma denúncia - baseada em leis federais - encaminhada, em 2003, pela Macacos Urbanos e
Amigos da Terra ao Ministério Público contra a CEEE e a prefeitura da Capital por danos causados à fauna
silvestre pelas redes elétricas. Segundo as ONGs, a CEEE investiu mais de R$ 1 milhão de encapou alguns dos
trechos mais críticos da rede no Lami. "Depois idsso, os casos de choques diminuíram sensivelmente. Mas
temos que disponibilizar as pontoes de travessia para evitar que outros animais sofram", explicou Rodrigo
Cambará, membro da Macacos Urbanos.
Veterinária trata os animais queimados
A maioria desses bugios com queimaduras é levada para a Toca dos Bichos, em Porto Alegre, onde ficam sob
cuidados da veterinária Gleidi Marsicano e sua equipe. A veterinária atende a fauna silvestre há 20 anos. Só
em 2004, foram mais de 700 animais.
No mês passado, Gleidi foi surpreendida por um caso raro. Um macaco-prego chegou morto à veterinária depois
de ter sido atropelado numa travessa próxima ao Parque Germânia, na Zona Norte da Capital.
No início, suspeitou-se que o animal poderia ter saído da área verde do parque. "Como o macaco-prego não é
nativo de Porto Alegre, descartamos essa hipótese", explicou. Segundo ela, é prov´vavel que o bicho estivesse
sendo criado em cativeiro, o que é proibido por lei. Em 2005, o Ibama/RS, a Brigada Militar e a Polícia
Federal apreenderam sete mil animais silvestres adquiridos e mantidos ilegalmente. A pena para este tipo de
crime varia de multa até prisão.
(Por Maurício Macedo, Jornal do Comércio, 23/10/2006)
http://jcrs.uol.com.br/home.aspx