Novo mapa de proteção da Amazônia sai em breve
2006-10-23
O mapa que direciona as políticas públicas de preservação da biodiversidade da Amazônia passa por uma atualização sete anos depois de sua formulação. O Programa de Áreas Protegidas da Amazônia, ou simplesmente Arpa, deve incorporar novas regiões e dados até o fim do ano.
Uma prévia do trabalho foi colocada no site do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br/arpa). A proposta ainda será discutida em dois encontros, em Belém e Brasília, antes de passar pela aprovação da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), o que acontece provavelmente em novembro.
O primeiro mapa foi feito em 1999, em uma reunião em Macapá, e conta com financiamento de órgãos internacionais, como o Banco Mundial. Ele foi incorporado como ferramenta pelo ministério em 2002, pouco antes do encontro internacional que marcou os dez anos da ECO-92. A meta é proteger 50 milhões de hectares até 2013, entre antigas e novas unidades de conservação.
O plano é atualizá-lo a cada dez anos ou menos. De fato, ele já apresenta sinais de fraqueza. Uma análise divulgada neste ano pela pesquisadora Ana Luísa Albernaz, do Museu Emílio Goeldi, indica que áreas críticas para a preservação da biodiversidade amazônica não estão protegidas nas unidades de conservação existentes hoje e são ameaçadas por atividades econômicas.
Ana Luísa agora coordena os esforços de cientistas e ministério. A atualização conta com novas bases de dados biológicos, alimentadas ao longo deste período. Ela estabelece prioridades diferentes para cada ecossistema - algumas são insubstituíveis, outras menos.
Outras informações devem ser incluídas nas próximas duas reuniões. “O novo mapa me parece coerente. Deste mínimo não pode diminuir”, diz o cientista Peter Mann de Toledo, que representou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nos encontros feitos até agora.
Duas questões não foram incluídas. Uma é o clima, em especial as alterações esperadas para as próximas décadas por causa do aquecimento global. Apesar de modelos indicarem um processo severo de savanização, ainda não há dados que possam ser inseridos no programa.
Outra questão é o avanço da fronteira agropecuária e a exploração madeireira. O mapa é voltado exclusivamente para a questão biológica. Caberá ao ministério cruzar o novo mapa do Arpa com as informações socioeconômicas da Amazônia.
(Por Cristina Amorim, O Estado de S. Paulo, 20/10/2006)
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