A Comunidade Camponesa Popular, que aglutina várias organizações da província de Morona Santiago, no Equador, denuncia os problemas ocorridos em torno da represa hidrelétrica Hidroabanico S.A., construída na comunidade de Jimbitono. De acordo com o presidente da entidade, Fernando Mejía, a represa causou um conflito ambiental e social gravíssimo em toda a Província de Morona, sobretudo porque foi construída para fornecer energia elétrica a megaprojetos mineradores (a céu aberto) de cobre e ouro, que estão na parte sul da região.
Em entrevista à Rádio Splendid, de Cuenca, o presidente explicou que a represa abarca 100 hectares e que os danos ambientais são mais visíveis na comunidade de Jimbitono, mas também ocorrem na bacia do rio Upano e em alguns rios que estão ao redor da cidade de Macas. Segundo acrescentou, a represa foi construída para dar energia a uma empresa canadense chamada Corriente Resourses. O pior é que, com o avanço do projeto, os conflitos aumentaram dividindo a comunidade. "Uma parte está aprovando a mina, outras pessoas não; as comunidades se dividiram e existem conflitos de violência tremendos, um pouco o que acontece em Quimasacocha, na Província de Azuay", afirmou.
Segundo Mejía, a energia está sendo levada através de uma rede de corrente elétrica de quase 200 quilômetros para a parte sul de Morona. Ele afirma que não foi feita a socialização destes projetos, como estipula a constituição do Equador e foram violadas várias leis. Os camponeses não sabem o porquê desta rede de transmissão elétrica (a corrente da morte); e porque esta represa foi feita de forma tão rápida e escondida das comunidades que moram na área.
A represa Hidroabanico consta de duas fases. Já foi feita uma que está produzindo 15 megawatts, e a companhia tem intenção de produzir 37,5 megawatts. Existem projetos, afirmou Mejía, que gerarão 1.000 megawatts, quando a província de Morona Santiago necessita apenas de oito megas. "Estão privatizando rios que, inclusive, têm identidade cultural, como é o caso do rio Upano, o Abanico e o Bomboiza, na cidade de Galaquiza; estão nos tirando parte de nossa cultura, esta é uma questão tremendamente grave. Nossa organização e a Comunidade de Jimbitono estão dispostas a lutar para dizer não à segunda fase, porque nem sequer consultaram as comunidades".
Com relação à primeira fase, a comunidade de Jimbitono está pedindo toda a indenização para os donos de sítio, que tiveram suas terras danificadas, pois a represa inundou os sítios da comunidade, que está debaixo da represa situada ao pé do Parque Natural Sangay.
Acrescentou que a população se reuniu em Macas, na semana passada, e se pronunciou no sentido de que a maioria da província de Morona Santiago está contra a segunda fase. Argumentam que "esta luz elétrica não serve para nossa província; esta energia elétrica vai para o projeto da transnacional canadense Corriente Resources".
A Comunidade pede aos equatorianos que se unam e façam força contra as transnacionais, que estão acabando com os recursos naturais e humanos, provocando profundas seqüelas e divisões sociais, econômicas e até políticas.
(
Adital, 20/10/2006)