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2006-10-23
O representante da União Européia (UE) para a Política Externa e de Segurança Comum, Javier Solana, defendeu que o desenvolvimento e o uso da energia nuclear sejam submetidos a controle internacional para garantir que essas atividades não contribuam para a proliferação de armas de destruição em massa.

Solana defendeu esta posição na sessão de encerramento da 5ª Conferência do Clube de Madri, na qual ex-chefes de Estado e de Governo, especialistas e empresários analisaram os desafios do desenvolvimento energético. Solana explicou que os problemas derivados do uso intensivo de energias fósseis não-renováveis tornam imperativo o desenvolvimento de fontes alternativas que permitam diversificar a demanda.

Entre elas "tem que estar, sem qualquer tipo de dúvida, a energia nuclear", disse Solana antes de ressaltar: "Se não somos capazes, internacionalmente, de garantir que um programa nuclear não aumente a possibilidade ou o risco de proliferação, estamos loucos". O alto dirigente da UE quer que seja "levado a sério" o argumento da Agência Internacional da Energia (AIE) de que "o controle internacional é fundamental se queremos manter a paz e a não-proliferação no mundo".

Solana disse que, atualmente, boa parte dos países produtores de energias fósseis atravessa crises "potenciais ou reais", que as nações desenvolvidas têm um altíssimo nível de consumo e que a elas estão se somando gigantes como China e Índia. As fontes de energia e os problemas de fornecimento "estão no centro, não só de temas relacionados à economia, mas também à paz e à guerra", advertiu.

Este cenário, disse Solana, torna necessário um "esforço muito superior" para diversificar as fontes energéticas e para impulsionar um diálogo no sentido de reduzir o consumo nos países ricos e possibilitar aos mais pobres um desenvolvimento energético que permita que continuem avançando. Paralelamente, Solano afirmou que é necessário um diálogo entre países produtores e países consumidores, já que os que têm grande capacidade energética estão utilizando a energia "como instrumento político".

A importância de diversificar as fontes energéticas e de impulsionar a pesquisa e a aplicação de energias renováveis para contornar problemas políticos, econômicos e ambientais foram os eixos da discussão final da 5ª Assembléia do Clube de Madri, que terminou hoje.

Os especialistas que participaram das sessões fizeram um alerta sobre os problemas de renovação tecnológica, como a modernização dos gasodutos e oleodutos existentes, e a necessidade de "retomar e atualizar" as usinas nucleares, destacou o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurría, ao término do encontro.

Gurría destacou sua preocupação com a falta de interesse pela mudança climática e convocou os presentes a fazer um esforço para conscientizar cidadãos, políticos e meios de comunicação até que estejam "tão preocupados com este tema como os cientistas".

O presidente do Clube de Madri, o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos, assegurou que se trata de um "desafio de dimensões universais", que deve ser enfrentado com urgência apesar da atual "falta de vontade política". "A única coisa de que temos certeza é de que não podemos continuar como estamos", afirmou Lagos, que ressaltou a importância de impulsionar medidas políticas e públicas que garantam a diversificação, a segurança e a igualdade no acesso à energia.
(EFE, 21/10/2006)
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1319558-5602,00.html

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