Técnicos da hidrelétrica de Itaipu investigam a causa da morte de toneladas do peixe armado no Lago de Itaipu, no Rio Paraná. A pesca dessa espécie é a principal fonte de renda das 700 famílias de pescadores dos municípios de Guaíra, Marechal Cândido Rondon e Entre Rios do Oeste. O Instituto Ambiental do Paraná encontrou 16 vezes mais cobre que o normal nas vísceras dos peixes examinados. A morte em larga escala do armado, vendido na forma de filé e que rendeu 320 toneladas no ano passado, começou há três meses.
A origem do cobre intriga os pesquisadores de Itaipu e do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura (Nupelia) da Universidade Estadual de Maringá, que participa da investigação a pedido do Ministério Público Federal de Umuarama. "Existem diversas fontes desse metal, por isso a situação exige paciência e muita eficiência", afirma o biólogo Ângelo Antonio Agostinho, do Nupelia.
O veterinário Domingo Fernandes, da Divisão de Meio Ambiente e Reservatório de Itaipu, classifica a morte dos armados como "crônica". Os peixes mortos apresentam, segundo ele, alta incidência de anemia, o que reforça a suspeita de que tenham sido vítimas do excesso de cobre. O cobre é utilizado em fungicidas e em alguns agrotóxicos. A presença do mexilhão dourado (Limnoperna fortunei) no estômago dos peixes mortos levantou inicialmente a suspeita de que o cobre poderia estar sendo utilizado no combate ao molusco.
Tanto Itaipu quanto a Companhia Energética de São Paulo (CESP), responsável pela hidrelétrica de Porto Primavera, também no rio Paraná, negam estar usando produtos químicos para combater o mexilhão. O controle do molusco, informam as duas empresas, é feito diretamente nas máquinas, com limpezas periódicas, e não nas represas.
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Estado de Minas, 19/10/2006)