Proteína da semente de goiaba pode ser alternativa à da soja
2006-10-20
Uma alternativa à proteína da soja pode estar surgindo. Trata-se do isolado protéico da goiaba, extraído de sua semente. A pesquisa é do nutricionista bauruense Gustavo Guadagnucci Fontanari, 28 anos, e foi desenvolvida como conclusão do mestrado na Unesp (Universidade Estadual Paulista) – campus de Araraquara, na área de ciência de alimentos.
O orientador da dissertação, o farmacêutico José Paschoal Batistuti, 52, da Unesp, frisa que é importante buscar outras fontes de proteína para a indústria não depender tão fortemente da soja.
Em sua avaliação, nessa primeira fase, o objetivo do trabalho foi determinar se existe ou não potencial para que o isolado protéico estudado venha a ser utilizado em larga escala na produção de alimentos como salsichas e hambúrgueres.
Hoje, segundo Fontanari, é possível afirmar que este subproduto da fruta já pode ser usado na indústria de panificação.
Batistuti acredita que serão necessários aproximadamente cinco anos para o término de todo o ciclo da pesquisa até concluir-se como viável a substituição da soja pela semente da goiaba.
Ele diz ainda que as empresas buscam baratear custos, mas querem agregar valores nutricionais e funcionais (uso da proteína como “liga” para a massa da salsicha, por exemplo).
Estudo recebe premiação
A pesquisa de Fontanari, orientada por José Paschoal Batistuti e com a colaboração de Mônica Cristina Jacon, Ieda Aparecida Pastre, Fernando Luís Fertonani e Valdir Augusto Neves, foi apresentada no 20º Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, realizado em Curitiba (PR) no início do mês.
Na área de química e bioquímica, ficou em primeiro lugar e foi premiada.
Os quesitos considerados para avaliação foram a originalidade do tema, os resultados obtidos e sua importância para o desenvolvimento da ciência e tecnologia de alimentos, além da clareza e síntese na apresentação do trabalho.
Até 15% da fruta vira ração
O gerente de marketing da Predilecta Alimentos Rogério Byczyk, 44, informa que a empresa processa diariamente 120 toneladas de goiaba e que entre 10% a 15% desse total são resíduos (sementes e cascas) destinados à ração animal.
A empresa, sediada em Matão, incentiva a pesquisa de Fontanari com objetivo de utilizá-la em benefício dos consumidores. “Tudo que agregar qualidade aos produtos será usado”, afirma.
Segundo o gerente, a Predilecta é a maior processadoradora de goiabas do mundo, líder no Brasil no segmento de doces (goiabada, geléias e doces em calda) e terceira colocada no ranking de atomatados.
(Por Marcos Silvestre, Bom Dia Bauru, 19/10/2006)
http://www.bomdiabauru.com.br/index.asp?jbd=3&id=87&mat=47840