Com três biodigestores em pleno funcionamento desde janeiro, junto às unidades de produção de
leitões, a Cooperativa Tritícola de Sarandi Ltda. (Cotrisal) pretende negociar os primeiros
créditos de carbono no começo do próximo ano.
- Está tudo instalado: biodigestores, queimadores de gás, medidores. Agora, só dependemos da
liberação do registro pela ONU - afirma o gerente da unidade pecuária da Cotrisal, Vilmar
Bonfanti.
Tendo como intermediadora a Orbe Brasilis, que elaborou todo o projeto, a cooperativa deverá
receber 65% do valor da venda dos créditos. O restante será repassado à prestadora de
assistência técnica. Segundo Bonfanti, a negociação ocorrerá com uma empresa norueguesa.
A expectativa pelo ingresso efetivo no novo mercado que se abre aos suinocultores brasileiros
também existe no interior de Vila Flores, a 169 quilômetros da Capital. Na granja da família
Ceccato, os dois biodigestores foram instalados com investimentos da empresa irlandesa AgCert,
interessada em negociar os créditos de carbono gerados na propriedade.
- Queríamos construir os biodigestores, mas não tínhamos capital para isso. Depois de
certificados, vamos receber 20% do valor dos créditos. Os outros 80% vão para a AgCert que
construiu aqui - diz Jorge Ceccato.
O produtor já comemora as vantagens do negócio. A renda adicional será revertida em
investimentos na granja, enquanto se economiza em eletricidade:
- E ainda estamos colaborando com o meio ambiente, né?
Como funciona
> Primeiramente, é feito um levantamento de toda a propriedade rural ou empresa e um projeto de
acordo com as suas necessidades. Cada projeto é único e específico.
> Depois, é implantado o biodigestor, feito um acompanhamento e, a partir disso, busca-se a
certificação de todo o trabalho junto à uma certificadora internacional, indicada e credenciada
pela Organização das Nações Unidas (ONU).
> A certificadora irá atestar se todo o trabalho realizado condiz com as necessidades exigidas
pela ONU de emissão de Gases de Efeito Estufa e poluentes.
> As diferentes empresas que atuam no segmento precisam solicitar às certificadoras
credenciadas pela organização para atestar o trabalho desenvolvido. Somente com a certificação,
o projeto é encaminhado a ONU para validação e entrada no mercado de crédito de carbono.
> O processo é lento e burocrático. Em geral, as assessorias especializadas estimam um prazo de
até 18 meses para a entrada efetiva no mercado.
> No dia 17/10, os créditos de carbono estão sendo negociados a 12,55 Euros a tonelada de gás
metano.
Fonte: Orbe Brasilis, de Mongaguá (SP), especializada na intermediação pela negociação do
crédito de carbono em todo o país
Exportações gaúchas
Até setembro de 2005: 117.758,8 toneladas
Até setembro de 2006: 178.249,9 toneladas
(
Zero
Hora, 20/10/2006)