A suinocultura gaúcha está apostando na produção ecologicamente correta, tendo como foco gerar
mais rentabilidade para o setor e, de quebra, preservar o ambiente.
Tida como vilã do meio rural, devido à alta produção de dejetos, a atividade suinícola está
mobilizada para ingressar no novo mercado de crédito de carbono - criado entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento para que se possa negociar cotas de gases poluentes não
emitidos no ar.
A iniciativa vai ao encontro do Protocolo de Kyoto, de 1997, que prevê a redução de gases de
efeito estufa, como forma de evitar mais aquecimento global. A compra e venda de créditos pode
ser entendida como uma forma de compensação de poluição entre países obrigados a reduzir suas
emissões de poluentes e nações como o Brasil, não obrigadas a tais reduções.
Embora ainda em fase embrionária na suinocultura gaúcha, a negociação destes créditos com
empresas estrangeiras está gerando uma série de discussões e investimentos.
- O Rio Grande do Sul está vendo a necessidade de adequação meio-ambiental e já percebeu que
sem isso a atividade suinícola torna-se impraticável - diz Nelson Grzybowski, assessor técnico
da Orbe Brasilis, empresa especializada em dar suporte no processo do crédito de carbono na
suinocultura em todo o país.
A principal ação dos criadores pela produção limpa tem sido a construção de biodigestores, que
evitam o despejo de matéria orgânica em solos e águas e a liberação do gás metano, considerado
21 vezes mais poluente do que o carbônico.
Segundo o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Estado (Acsurs), Valdecir Folador,
o interesse por esse mercado surgiu no começo do ano passado. Atualmente, pelo menos 14
produtores e empresários estão no processo de ingresso na negociação dos créditos.
- O dejeto suíno só é ruim se mal manejado. Ele é ótimo fertilizante e agora desponta como uma
nova oportunidade para agregar valor à atividade - comenta o dirigente.
Para o diretor técnico do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos, Rogério Kerber, os
diversos segmentos da atividade no Estado ainda estão passando por uma fase de instrução.
- As empresas estão buscando compreender todos os aspectos técnicos necessários para apostar
num mercado que não exige investimentos significativos - afirma.
No próximo dia 26, uma audiência pública será realizada em Foz do Iguaçu (PR), em parceira da
Acsurs com a empresa de consultoria Orbe Brasilis, como uma atração paralela à terceira edição
da Pork Expo 2006. O evento é um dos maiores no mundo no segmento.
(Por Taís Grün,
Zero
Hora, 20/10/2006)