Canadá apresenta controvertida lei ambiental: limite para emissões de gases seria adiada para 2020
2006-10-20
O governo canadense apresentou nesta quinta, dia 19, um controvertido projeto de lei ambiental que adia até 2020 a imposição de limites às emissões de gases que provocam o efeito estufa. A proposta de lei está centrada em "alvos de intensidade", o que foi criticado por todos os partidos da oposição.
Os "alvos de intensidade" – um conceito cunhado pela administração do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush – de fato permitirão aos setores que mais emitem gases, como o petroleiro, aumentar suas emissões ao estabelecer as reduções em proporção à produção.
O governo canadense planeja manter diálogos daqui até 2010 com os diferentes setores industriais, antes que entrem em vigor as primeiras limitações das emissões de gases. Mas o Executivo não destacou quais serão esses limites.
O governo anterior, liberal, que ratificou o Protocolo de Kioto, manteve três anos de conversas com as indústrias que mais emitem. O acordo de Kioto obriga o Canadá a cortar em 6% as emissões de 1990 até 2012, mas na atualidade as emissões canadenses superam em quase 35% o limite.
Os próprios cálculos do governo conservador canadense, que desde que chegou ao poder em janeiro não escondeu sua falta de interesse em cumprir o Protocolo de Kioto, assinalam que não serão feitas reduções significativas das emissões de gases até a metade do século.
Organizações ecologistas, grupos sociais e todos os partidos da oposição criticaram a lei proposta pelo governo após meses de promessas sobre ações imediatas e concretas.
O líder da oposição, o liberal Bill Graham, assinalou no Parlamento que o projeto de Lei de Ar Limpo "é uma desgraça nacional" e a porta-voz do grupo Amigos da Terra do Canadá, Beatrice Olivastri, qualificou a proposta como "um projeto de ar sujo".
O partido social-democrata NDP qualificou o projeto de lei como um plano "feito em Washington". Um dos pontos fortes da lei proposta é a harmonização durante os próximos 12 meses das emissões procedentes de veículos com as leis federais dos Estados Unidos.
A organização ambiental Sierra Club criticou a medida por alinhar-se com "os padrões distorcidos e débeis da administração Bush e não com os restritos do estado da Califórnia".
Os grupos ambientais consideram que o projeto de lei significa o definitivo abandono do Protocolo de Kioto mas a ministra do Meio Ambiente canadense, Rona Ambrose, disse que Ottawa continua comprometida com o acordo.
(Clic RBS, 19/10/2006)
www.clicrbs.com.br