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2001-10-17
O processo de erosão sofrido pelo Balneário do Hermenegildo vem sendo estudado há três anos, quando uma grande tempestade ocasionou a perda de 20% das casas a beira mar. Na época o prejuízo, segundo Luciana Esteves, professora da Fundação Universitária de Rio Grande (FURG), atingiu US$ 400 mil. A principal causa desse processo crescente de erosão sofrido em boa parte do litoral do Estado, é a urbanização da orla marítima, em especial, nos locais onde se formam as dunas. A construção em cima das dunas, de acordo com Luciana, indisponibiliza a troca da areia, fator preponderante para manter a praia saudável e resistir ao impacto das tempestades. Apesar de perder boa parte de praia no Hermenegildo, ainda não se sabe qual a extensão territorial dos prejuízos ao meio ambiente. No que se refere à fauna marinha, Luciana garante não haver prejuízos consideráveis, uma vez que não existem ecosistemas restritos exclusivamente a uma área. - Elas, as espécies, acabam migrando para outras áreas, afirma. O maior prejuízo será para os veranistas, devido à diminuição da faixa de areia nas praias gaúchas e, em especial, no Hermenegildo. Um estudo realizado pela UFRGS, no entanto, constatou que de toda faixa litorânea estudada (81,3%), apenas 11,5% são áreas que ainda não foram afetadas pela erosão, sendo consideradas como estáveis. Em processo de crescimento, foram observadas apenas 7,2% da área total. Como tentativa de remediar o panorama atual, Luciana acredita que a solução seria a implantação de um plano de gerenciamento costeiro, que seja efetivamente posto em prática. - O plano de gerenciamento nacional que existe hoje não é suficiente, já que não prevê uma distância mínima para construções a beira-mar, reclama. A necessidade de determinar uma distância mínima para construções, é apontada como primordial para que não ocorram os mesmos problemas em outras faixas do litoral gaúcho, que de acordo com o estudo, somente 20% da costa é urbanizada.- Já imaginou se os outros 80% forem urbanizados sem critérios também, questiona. Esse foi um dos principais pontos abordados ontem no VIII Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, que segue sendo realizado até amanhã, em Mariluz, Imbé. - É imprescindível prever para essas áreas, o uso racional das ocupações imobiliárias, principalmente dos grandes empreendimentos, pondera. Em Xangri-lá, litoral norte, foram retiradas as dunas, para em seu lugar, levantar um resort. - A primeira coisa que fazem, é construir em cima das dunas ou retirá-las, sendo que elas servem para manter o balanço sedimental, deixando as praias saudáveis, explica. A perda das dunas, implica também na perda da vegetação, que segundo a legislação federal, é tida como área de preservação permanente, além de servirem de barreiras naturais contra tempestades e ressacas.

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