Crise ambiental: o clima muda, a temperatura aumenta e o regime de chuvas está cada vez mais desequilibrado
2006-10-19
É bastante lúcida e inspiradora a entrevista com Al Gore, publicada na revista Isto É desta semana. O restante da revista também traz elementos importantes para reflexão e ação cidadã para com o nosso ambiente comum. Vale a pena ler.
Estamos diante de uma crise ambiental sem precedentes na história recente do nosso planeta. O clima está mudando, a temperatura aumentando e o regime de chuvas cada vez mais desequilibrado. A maioria das geleiras das montanhas está derretendo. O gelo permanente do Ártico está derretendo dez vezes mais rápido do que nas décadas passadas. O nível do mar está subindo duas vezes mais rápido hoje do que no século XX. O mar está ficando mais quente e isso aumenta a freqüência de furacões e secas. Tudo isso já está bem documentado cientificamente. Se continuarmos no mesmo trilho, nosso futuro será trágico. Infelizmente não se trata de um futuro remoto e longínquo: é uma crise que já se instalou e se agrava a cada dia.
A principal causa da crise ambiental global é a produção de gases que causam o chamado “efeito estufa”. Estes gases são produzidos pela ação humana, com a queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc), a criação de gado e o desmatamento. O lado bom disso é que existe a possibilidade de mudarmos o comportamento humano e modificar nossos padrões de consumo e isso pode atenuar os problemas ambientais globais.
Ao contrário do que muitas vezes se pensa, as mudanças climáticas globais não fazem parte de um processo lento e gradual. Seu curso é imprevisível. Alguns acreditam que temos 10 anos para evitar um caos global. Alguns crêem que temos menos tempo. Outros acreditam que há mais tempo para promover as mudanças radicais necessárias. Sobre isto ainda há polêmica. Entretanto, existe um consenso quanto à necessidade e urgência de mudanças radicais em nosso estilo de desenvolvimento.
Neste contexto, o Programa Zona Franca Verde representa um caminho de sucesso trilhado pela sociedade amazonense. É um modelo de desenvolvimento que deve ser aprimorado. Reduzimos o desmatamento e com isso as emissões de gases que causam o efeito estufa. O gasoduto Coari-Manaus terá também um importante papel para diminuir a produção de gases poluentes no Amazonas.
Um grande desafio é estimular o reflorestamento de pequena escala nos roçados, com o uso de sistemas agroflorestais. Para isso pretendemos estabelecer uma rede de viveiros florestais para a produção de mudas de essências florestais como açaí, teca, pau mulato, cedro etc. Nosso maior desafio é criar formas de pagamento dos nossos caboclos e indígenas pelo papel que suas florestas desempenham para o equilíbrio climático global. Felizmente o povo amazonense renovou seu voto de confiança no Governador Eduardo Braga, para que estes desafios sejam enfrentados de forma séria e profissional.
(Diário do Amazonas, 18/10/2006)
http://www.diarioam.com.br/novo_site/noticias.php?idN=31852