National Geographic afirma que diferenças culturais são pequenas: o principal desafio é o efeito estufa
2006-10-19
O presidente da National Geographic Society, John Fahey, destacou o objetivo de sua organização de "aproximar" os problemas do planeta dos habitantes de "todas as partes do mundo", independentemente de sua religião ou cultura, pois, "de certa forma, estas diferenças são superficiais".
Fahey fez estas afirmações durante uma entrevista coletiva na cidade de Oviedo (norte da Espanha), onde na próxima sexta-feira, receberá do herdeiro da Coroa espanhola, Felipe de Borbón, o Prêmio Príncipe de Astúrias de Comunicação e Humanidades, concedido a essa sociedade por seu trabalho no sentido de aprofundar o conhecimento sobre o ser humano e seu meio.
"Queremos ressaltar os aspectos que aproximam a humanidade e não os que a separam", afirmou o responsável da National Geographic, que disse que o principal trabalho de suas publicações e de seu canal de televisão continua sendo a conscientização sobre os problemas do planeta.
Entre os principais desafios que, segundo Fahey, a humanidade deve enfrentar, estão questões como o "efeito estufa", causado pelo uso de combustíveis fósseis para satisfazer "as necessidades das pessoas de todo o mundo que querem ter acesso à eletricidade ou ao automóvel". Para Fahey, o fato de a National Geographic - que chega mensalmente a cerca de 300 milhões de pessoas por meio das cinco revistas que edita - tratar destes problemas "pode ter impacto sobre as políticas governamentais".
Entre as novas iniciativas desta sociedade, fundada em janeiro de 1888 em Washington por 33 homens e mulheres para aumentar a difusão do conhecimento geográfico, Fahey citou o projeto Genographic, realizado em parceria com o gigante informático IBM para reunir em cinco anos amostras de DNA humano no mundo todo.
Esta iniciativa permitirá averiguar os movimentos migratórios "que povoaram toda a Terra" e algumas das conclusões do estudo, segundo Fahey, "serão surpreendentes". Ele antecipou a possibilidade de que pelo menos uma parte dos primeiros habitantes da América do Sul tenham chegado a ela "depois de atravessar o oceano".
Fahey adiantou que os 50.000 euros (US$ 62.500) do Prêmio Príncipe de Astúrias serão destinados à fundação encarregada de financiar as 500 expedições e projetos de pesquisa que a sociedade tem atualmente em andamento. O presidente da National Geographic atendeu os jornalistas junto a três dos quatro profissionais da revista que devem acompanhá-lo no recebimento do prêmio.
Além do espanhol Enric Sala, Fahey estará acompanhado pelo fotógrafo iraniano Reza Deghati, que trabalha na promoção de publicações independentes no Afeganistão, e do naturalista J. Michael Fay, que percorreu 4.000 quilômetros na África Central para localizar e explorar uma das últimas selvas tropicais.
Também viajou para Oviedo a arqueóloga argentina Constanza Ceruti, que participou da expedição ao vulcão Llullaillaco, que permitiu localizar no sítio arqueológico - o mais alto do mundo, 6.739 metros acima do nível do mar - as múmias mais bem conservadas da civilização inca.
(EFE,18/10/2006)
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