Para encontrar formas de aproveitamento das conchas descartadas por maricultores, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criaram o projeto “Valorização dos resíduos da maricultura”. O objetivo é quantificar os resíduos de conchas do Ribeirão da Ilha – região de maior produção de ostras do Estado – além de avaliar os impactos causados pelo seu descarte indevido e estudar maneiras de utilização e agregação de valor ao resíduo.
O trabalho, desenvolvido no Laboratório de Gestão Ambiental na Indústria (LAGA), será apresentado nesta quinta-feira (19/10) pela manhã, no XVI Seminário de Iniciação Científica da UFSC, na área de Ciências da Vida.
O distrito do Ribeirão da Ilha produz cerca de 16,5 toneladas de conchas por mês nos meses frios e aproximadamente 50 toneladas por mês no verão, de acordo com os pesquisadores do LAGA. A maior parte dessas conchas é abandonada em terrenos baldios ou no fundo do mar, provocando impactos a esses ambientes. O problema se agrava no verão, quando aumenta a produção de ostras, já que a mortalidade desses animais é maior durante a estação, devido às altas temperaturas das águas em que vivem.
Porém, de acordo com uma das pesquisadoras da equipe do projeto, Sheila Kusterko, as conchas de ostra Crassostrea gigas são ricas em carbonato de cálcio, que é utilizado como matéria-prima para muitos produtos. Sendo assim, em vez de serem descartadas em locais inadequados, elas poderão ser utilizadas na produção de cal, de ração animal e de corretivo de acidez do solo, e atuar como matéria-prima para indústrias de Santa Catarina.
Além de proporcionar benefícios ao meio ambiente, o aproveitamento das conchas pode trazer uma nova fonte de renda aos maricultores. “O projeto pode despertar o interesse de empresas que queiram comprar as conchas ou os próprios maricultores podem beneficiá-las”, afirma Sheila Kusterko.
Agricultura pode ser beneficiada com o cálcio
No Brasil, já existem empresas que utilizam concheiros naturais como matéria-prima de vários produtos. O carbonato de cálcio (CaCO3) extraído das conchas tem sido aproveitado em diversos setores como na agricultura, para corrigir o pH do solo; na indústria farmacêutica, em suplementos para combater a osteoporose; em materiais de construção, na produção de argamassa; em ração para aves, como suplemento de cálcio.
O projeto “Valorização dos resíduos da maricultura” existe desde 2005 e conta com os pesquisadores Prof. Fernando S. P. Sant Anna, orientador e professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Fernanda Almeida da Silva, aluna do programa de pós-graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental, Sheila Kusterko, acadêmica de Engenharia Sanitária e Ambiental, e Caroline de Liz Santos, engenheira sanitarista e ambiental. O grupo tem parceria com o curso de Engenharia de Materiais da UFSC e Engenharia de Produção da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul).
O projeto já tem o apoio do CNPq, mas os pesquisadores procuram novos apoios financeiros para aprofundarem as pesquisas. Mais informações pelo telefone (48) 3331 7737 ou pelo e-mail sheilaens@gmail.com.
(Por Ingrid Cristina dos Santos, bolsista em Jornalismo da
Agência de Comunicação da UFSC, 18/10/2006)